quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Retrospectiva Tribal 2011

Quase acabando o ano, quis relembrar os eventos de tribal de que participei em 2011, e o que teve de mais legal em cada um!

O primeiro foi o Campo das Tribos, em maio, organizado pela Rebeca Piñeiro em São Paulo. O Campo está indo para sua quarta edição em 2012, até então era um evento exclusivamente com bailarinas brasileiras de todo o país, feito por quem é do tribal e para quem é do tribal. Acho que essa é a parte mais legal do Campo, é um evento que abrange as variedades de tribal e dá espaço para todo mundo mostrar seu trabalho nas mostras, independente do estilo. O que importa é ser tribal! E participando esse ano foi exatamente o que eu senti, inclusão e ATS, Tribal Brasil, ITS, Tribal Fusion, Dark, tudo convivendo em harmonia! Em São Paulo é o único evento exclusivamente de tribal que reúne várias professoras e estilos em um só lugar. O Campo também tem workshops, e em 2012 terá a linda presença da Frèderiquè, uma das pioneiras no Tribal Fusion (e das minhas bailarinas preferidas) pela primeira vez no Brasil, junto com a Kilma Farias e comigo em works e show. Mal posso esperar! :D

Mas, como é hora de olhar para trás e não para frente, volto ao segundo evento de que participei esse ano, o Tribes Brasil, com a presença da Ariellah. O Tribes aconteceu em junho e foi organizado pela Nadja El Baladi e pela Jhade Sharif no Rio de Janeiro. O Tribes é outro evento que eu curto muito, participei em 2009 e novamente esse ano. O local é super especial, um colégião antigo e lindo com direito a um teatro igualmente lindo. O evento esse ano foi mais voltado para a estética Dark Fusion da Ariellah no espetáculo e nos works. Mas o que mais me chamou atenção foi o teor dos workshops da Ariellah, todos com muita ênfase em expressão e aspectos mais conceituais da dança, incluindo várias partes teóricas e espaço para troca de idéias. Já havia feito outros workshops com ela, no Tribal Fest 08 na Califórnia e aqui no Brasil no Encontro Internacional Bele Fusco, e embora aqui no Brasil ela tenha dado um work praticamente todo teórico, todos os demais foram bem técnicos. Outra ênfase dela foi na importância do estudo de ballet e outras danças na formação de uma bailarina que sabe utilizar espaços, padrões de pés, giros e tudo que faz parte de qualquer estilo de dança. Ou seja, a era das bailarinas de tribal que só ficam plantadas no palco fazendo carão está definitivamente terminada! rsrsrs

O evento seguinte de que participei esse ano foi o já tradicional Encontro Internacional Bele Fusco, com a presença da bailarina de DV Sonia Ochoa e da tribal Kami Liddle em setembro. A surpresa foi o enfoque nas fusões justamente por parte da Sonia, que deu nos workshops fusões latina e indiana, além de técnicas para dançar solos de derbak. Ela é uma bailarina de elegância e leveza notáveis, e como professora e pessoa, super doce e acessível. A Kami focou mais em técnicas elaboradas que se tornaram sua marca registrada, com sobreposição dos movimentos (layering) e uso dos braços com fluidez, além de sequências coreográficas. Achei todo o trabalho dela de leitura musical e composição dos movimentos incrivelmente sofisticado e peculiar; já havia feito um work com ela no Tribal Fest 08 mas com tanta gente e tão pouco tempo de aula, mal pude sentir como era seu estilo. Dessa vez com mais contato pude perceber todo detalhe e cuidado na elaboração da dança. Achei inspirador!

O último evento da minha pequena maratona desse ano foi o Shaman's Fest em setembro com a Mira Betz em Rio Claro, organizado pela Paula Braz e pela Cia Xamã. Esse evento foi bem único e especial. Novamente, o destaque foram as aulas mega conceituais da Mira. Nunca havia estudado com ela, e exatamente como todo mundo diz, ela é uma professora excelente. Mira não te ensina passos. Ela te ensina a criar passos. Mira não te ensina como dançar tribal, ela te ensina o que é tribal. Ela te ensina técnicas, como sustentar sua postura, como manter seu corpo seguro dançando. Além disso, muitos treinos com técnicas teatrais, muita teoria, muita conversa. Muito bom. No meio do mato então, foi uma lavada na alma essa imersão. Muito espaço para reflexões e questionamentos sobre seus caminhos na dança. 

Para mim, o que ficou mais marcado nos eventos nacionais e internacionais desse ano foi o fim das ditaduras de estilo, de receber pronto, de copiar. Já pensava e pregava essas  questões há um bom tempo, mas foi um belo reforço e uma bela mostra de todas as ferramentas que podemos utilizar para colocar  essas questões em prática. O tribal está mudando, ganhando cada vez mais espaço e respeito como uma dança legítima, como uma forma de arte legítima. E cabe a nós, bailarinas e estudantes, a responsabilidade de mantê-lo bonito e florindo cada vez mais!

Tenham um lindo 2012 com muita dança e alimento para alma! :D



*Em janeiro, pequeno preview dos eventos de 2012!


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A "filosofia" do Tribal

Tem uma parte que eu gosto muito no tribal, que é a idéia que existe por trás do estilo. A proposta do tribal, a princípio, é a de reunir um grupo de mulheres para dançar e permitir que elas tenham um mesmo vocabulário de passos e possam dançar juntas e se divertirem até mesmo sem se conhecerem. Essa é a premissa do American Tribal Style (ATS), estilo que se desdobrou e teve um monte de crias, inclusive o Tribal Fusion. Junto com essa idéia, surgiram outras, como a de expandir a dança do ventre para além dos meios em que ela circulava, basicamente de bares e restaurantes. O tribal, por ser uma dança em grupo, era mais apropriada para ser apresentada em palcos grandes, teatros e afins, o que abria o leque de locais e público. Além disso, também existia a vontade de passar outra mensagem com o tribal, diferente da dança do ventre, e que também é muito responsável pela caracterização do estilo.

Esse grupo de mulheres dançando juntas não dança para agradar a ninguém, nem para exibir seu charme. Elas dançam para si mesmas, umas pras outras, sem se preocupar se são magras ou bonitas para os padrões da sociedade. É uma maneira de celebrar o fato de serem mulheres e confraternizar. Elas vêm em grupos, poderosas, e não sozinhas como as bailarinas de dv. Por esse motivo, a dança do ventre tribal acabou atraindo um novo grupo de mulheres que muitas vezes nem pensaria em fazer dv tradicional. Daí vem o fato de ter muito mais "gordinhas" do que na dança do ventre, muito mais tatuadas, e por aí vai. Além do mais, pode-se dizer que as roupas permitem muito mais a valorização de diferentes biotipos, não existe nenhuma regra que diz que ela tem que ser de determinada maneira, as possibilidades são inúmeras e não é preciso mostrar nenhuma parte do corpo se essa não for a vontade da bailarina. Por isso é que os grupos de tribal nos passam aquela impressão de imponência, de "sim, nós somos demais!"

Daí, é impossível não sentir que esse aspecto do estilo fica bem enfraquecido na modalidade solo. O próprio nome é contraditório: tribal solo. Não existe tribo de um. Mas o fato é que apareceram bailarinas solo que usavam as mesmas roupas e a mesma técnica dos grupos, caracterizando-as, por mais que parecesse contraditório, como tribal. E o engraçado é que essas bailarinas, ainda que sozinhas, passam a mesma impressão de "eu não tô nem aí pro que você pensa" dos grupos. E é aí que entra a parte filosófica da coisa: a idéia está lá, aquela é a semente, por mais que se dance sozinha, sabe-se qual é a origem de tudo e existe a preocupação de preservar a idéia inicial.
Eu senti uma diferença imensa de atitude na primeira vez que vi uma bailarina de tribal, por mais que ela dançasse sozinha, existia alguma coisa ali que a tornava muito diferente de todas as outras que eu já tinha visto até então. E eu acredito muito que esse algo a mais não eram apensa passos ou técnicas.

Escrito em 2007

Veja do que estou falando, e sinta-se á vontade para discordar:

ATS


Tribal Fusion

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ribeirão e afins

Nesse fim de semana estive em Ribeirão Preto com o workshop "Tribal Aplicado à Dança do Ventre", organizado pela Rossana Mello, do Espaço La Luna. Gostaria de agradecer a Rossana, a Mariana e a Larissa por toda a atenção e carinho, foi tudo tão gostoso! É muito bom trabalhar com pessoas sérias e com amor pela arte, se todo mundo fosse assim no meio da dança, certamente estaríamos bem melhor encaminhadas :) Para quem quiser conhecer, o Espaço La Luna fica na Rua Lafaiete e é super inspirador!

Fora os agradecimentos, esse tema é sempre legal de explorar, pois sempre gera perguntas interessantes e permite que a gente desmistifique um pouquinho o tribal, mudando certos conceitos errôneos que ainda são super comuns... Além disso, adoro pensar num caminho inverso do tribal inspirar a dança do ventre, já que o oposto acontece o tempo todo. Acho que o tribal tem a acrescentar para as bailarinas de dv no sentido de enraizar mais, trabalhar mais o ventre propriamente dito e voltar um pouquinho às origens de dançar com pé no chão, lembrando um pouco de porque dança do ventre é chamada de, hum... do ventre! Sem contar na parte conceitual que muitas vezes acompanha as performances de tribal, permitindo que a gente busque além do óbvio pelas nossas inspirações. É muito bom ver o interesse das meninas e ir aos pouquinhos aumentando o alcance e o entendimento do estilo tribal. São oportunidades assim que fazem todo o resto valer a pena!

Muito obrigada meninas!










*O blog está devidamente decorado para o Natal, antes de ganhar sua "cara" nova para o ano que vem!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

The Lady Fred pt. 2

Bom, como faz um tempinho que não publico nada, vou retomar o assunto do último post: a bailarina Frédérique, ou The Lady Fred. Dessa vez, com novidades! :D Frédérique estará no Brasil ano que vem, no festival Campo das Tribos, organizado pela Rebeca Piñeiro. É no primeiro fim de semana de maio (05 e 06) e as inscrições já podem ser feitas pelo email: campodastribos@gmail.com. Corra pois as vagas são limitadíssimas! Pra ir fazendo o aquecimento, a tradução da biografia dela que acabei de terminar, a versão original vocês encontram no site:

Frédérique (Lady Fred) é uma bailarina internacional de dança do ventre avant-garde teatral. É artista, performer, instrutora, pioneira e criadora do “Silent Sirens Theatre” e do “Black Heart Ballads”.

Fred nasceu em Beirute, no Líbano, e possui descendência síria, armênia, francesa e italiana. Começou a estudar o Estilo Tribal Americano (ATS) em fevereiro de 1997 com Amy “Luna” e pouco tempo depois com a diretora Jill Parker, com quem ficou até dezembro de 1999 quando saiu em busca de criar algo novo.

Com nada a perder, Fred estabeleceu-se por sua originalidade ao integrar o estilo de vida underground urbano  à dança do ventre tribal.  Após uma jornada de mais de uma década de experiência e autoconhecimento, Fred surpreendentemente nunca mais treinou com outros professores. Fora o treinamento em ATS que recebeu de Luna e Jill, seus movimentos e estilo de dança são desenvolvidos por ela mesma e extremamente pessoais e autênticos. No entanto, é à sua base em ATS que credita sua excelente capacidade de improviso. Fred é reconhecida por seu estilo teatral avant-garde e  responsável pela introdução de novos estilos musicais no tribal (dnb / dubstep / música clássica / trilhas sonoras), começando em 2000. Com sua habilidade em edição de som, continua ampliando os limites em suas mixagens para o palco e elevando os padrões de performance da dança do ventre tribal.  Fred também foi uma das pioneiras a utilizar influências vintage  e acessórios antigos como complementos do vestuário tribal, tendência que veio a tornar-se "coringa" nos trajes de tribal fusion atuais.

As performances de Fred são baseadas em narrações teatrais por vinhetas e causam profundo interesse no público, bem como motivam suas companheiras de trabalho. Sua didática voltada para os detalhes enfatiza a técnica dos movimentos enquanto explica o "porquê" por trás do que ensina, promovendo a individualidade do aluno e definindo suas paixões por meio do movimento. Esse método lhe rendeu oportunidades de ensinar em seu país e internacionalmente, inspirando a geração atual e futura de dançarinas a explorar suas habilidades artísticas e expressarem-se pelo movimento.
Essa inovação vem de seu forte impulso criativo, o que a permitiu realizar e satisfazer completamente sua visão artística. 


Além disso, uma entrevista em vídeo com 17 minutos em que dá pra ter uma idéia da pessoa incrível que ela é: http://theladyfred.wordpress.com/true-colors-tv-interview/ (desculpem, apenas em inglês! :P)


Enjoy!

terça-feira, 12 de julho de 2011

The Lady Fred

Estou para postar essa tradução há décadas, e finalmente terminei! Entrevista feita com a bailarina Frédérique sobre a relação (ou falta de! rs) do estilo dela com o burlesco, achei muito legal e esclarecedora por isso quis compartilhar. A original está no site dela pra quem quiser visitar tem muito mais coisas lá também. Seguido da entrevista o vídeo mais recente dela no Tribal Massive, do qual sou suspeita para falar já que sou super fã dela. A expressividade e sutileza de movimento dela me interessam extremamente! Espero que gostem!

Entrevista da "Russian Magazine" 
Por: Nadia Gativa
Qual a diferença do seu estilo para o burlesco e porque as pessoas os confundem?

Para ser sincera, eu não faço idéia do motivo da confusão! Eu acho curioso as pessoas se referirem ao meu estilo como burlesco, meu estilo não é nem um pouco sugestivo. Talvez minha presença teatral no palco seja o motivo da associação, pois o burlesco também é muito teatral, mais ainda que minhas performaces. Outra razão poderia ser que eu me apresento com frequência em eventos de burlesco (?) Talvez as pessoas se confundam e acreditam que eu estou dançando burlesco no evento em vez de saberem que represento um outro estilo, uma variedade do show, com a dança do ventre. Esses são meus palpites... Uma vez fui entrevistada para um artigo na Oakland Magazine e a escritora colocou no título principal que eu era uma bellydancer voluptuosa e sensual com toques gótico e burlesco (ou algo do gênero); reparem que essas palavras não foram de modo algum as que eu utilizei para descrever a mim ou ao meu estilo mas, por alguma razão, continuo encontrando pessoas que supõem isso do meu estilo; talvez seja também por causa dos meus trajes (?) Não só eu nunca fiz aulas de burlesco ou tentei apresentá-lo como também nunca quis retratar nenhum interesse nele em minhas performances, simplesmente não faz parte de mim em relação ao que eu levo para o palco. Não confunda o que eu disse com não gostar de burlesco, eu gosto bastante, apenas não faço!

Você acredita que é possível fazer uma boa fusão de tribal e burlesco, mesmo com o burlesco sendo tão sugestivo às vezes?
Com certeza acredito. Eu não acredito na “caixa” em que algumas pessoas gostam de colocar outras, especialmente quando se trata de arte e expressão. Está tudo nos olhos de quem vê, alguns podem gostar, outros não. É assim que o mundo funciona. Eu acredito que se você tem uma visão, não deve haver nada no caminho que lhe impeça de expressá-la… É uma chance que você aproveita na vida e um arrependimento, creio eu, se você não aproveita. Tudo é possível quando se trata de Arte. 

Qual motivo de tanto interesse em relação a tudo que é retrô, como vaudeville, burlesco e cabaret?
O vaudeville vintage, os movimentos burlesco e/ou cabaret estão relacionados à moda e ao estilo hoje em dia. A comunidade do Tribal Fusion gira em torno dos estilos de vanguarda, já que esse foi o ímpeto para seu surgimento; é jovem em espírito, e com um espírito jovem vem uma mente jovem que gravita em direção às coisas estilosas e modernas.  Fazendo um parelelo entre a história e a evolução dessas tendências do final de 1800 com o movimento Tribal Fusion atual, ambos combinam muito bem.
Por exemplo:
·      Essas performances eram todas realizadas por mulheres a princípio.
·      Dança do ventre, burlesco e vaudeville eram segmentados como shows de variedades e considerados como entretenimento de segunda classe para a sociedade (infelizmente).
·      Performers populares no palco do vaudeville faziam suas interpretações de “dança do ventre”. Esse tipo de performance não era incomum e aponta para raízes de vaudeville nas primeiras formas do burlesco.
·      Uma dançarina do ventre, embora flerte com o sugestivo, está longe de violar qualquer padrão aceito de decência no palco do vaudeville.
Esses são apenas alguns dos motivos fortes pelos quais esses movimentos encontram tanto terreno fértil especialmente na comunidade do Tribal Fusion.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Novidades Tribais

Bom, pra quem ainda não sabe, essa é absolutamente a melhor época do ano para vídeos, o período pós Tribal Fest. O Tribal Fest é o maior festival dedicado ao estilo tribal do mundo, e acontece todo terceiro fim de semana de maio. Coincidentemente, esse ano ele caiu no fim de semana logo depois do Campo das Tribos, um dos maiores festivais dedicados ao tribal aqui no Brasil. :) Pra quem não viu ou não ficou sabendo, vale procurar os vídeos pela net, esse ano o festival contou com bailarinas do Nordeste, Rio e muita variedade! Foi lá também a estréia do meu grupo de ATS, o Pandora! Alguns imprevistos básicos de estréia à parte, correu tudo suavemente e com diversão, o que é o mais importante! Aí vai o vídeo. Bailarinas: Anna Pereira, Ana Lua, Yoli Mendes, Dayene Carvalho, Gabriela Miranda e Mariana Quadros.


Bom, voltando ao assunto do Tribal Fest, geralmente depois do seu acontecimento temos um panorama legal do que está rolando no mundo tribal gringo. Como todo mundo costuma preparar algo especial para o evento, e a maior parte dos grandes nomes do tribal estão lá, dá pra ter uma boa noção do que está "em voga" no tribal atual! Ainda não me empolguei muito com o que vi, não curti tanto algumas das minhas favoritas do ano passado, mas ainda falta muita coisa para ser postada... De qualquer forma, esse é o meu preferido dos que vi até agora:

Achei lindissíssímo esse duo meio dança contemporânea da Tjarda (Uzumee) e da Samantha Emmanuel:


Para finalizar, surpreendentemente os vídeos do TF esse ano também coincidiram com o surgimento dos vídeos de outro mega evento americano: o Tribal Massive em Las Vegas. O Tribal Massive parece que tem como proposta oferecer workshops e um show super bem produzido de bellydance, tribal e afins, e o resultado é admirável. Os vídeos que estão surgindo acabam deixando os do TF pobrinhos em comparação, já que os do Tribal Massive contam com a mega produção do evento. Enfim, os vídeos estão arrasadores na minha modesta opinião. Acabei passando uma tarde inteira vendo as novidades! Meus preferidos vão a seguir, com exceção da Frederique a quem vou dedicar um post inteiro em breve! rsrs

A Rachel dançando essa música é o que há, e essa coreografia do Indigo é provavelmente a minha favorita do grupo:


Também amei esse duo do Unmata, até me lembrou um pouco o outro que postei antes, no conceito e feeling geral da coreografia. O Unmata geralmente tem umas coisas mais rápidas e power então curti muito essa suavizada, sem deixar de lado a força característica do trabalho delas; tem coisas do Unmata que eu assisto inúmeras vezes sem cansar, essa coreografia é uma delas!


Amei essa performance, nunca tinha ouvido falar dessa bailarina mas certamente dá vontade de procurar mais coisas dela:


Mira Betz chiquérrima como sempre em uma performance toda conceitual:


Não sou exatamente fã do trabalho dele, mas aqui achei que ele acertou em cheio!



Por fim, a Kami, que por estará no Brasil em setembro no Festival Internacional Bele Fusco. Não curti tanto a parte da segunda música, mas a primeira achei bem lindona!


Obs. Assistam os vídeos direto do youtube para não ficarem cortados e poderem assistir grandão, a maioria dá pra assistir em tela cheia! ;-)



quarta-feira, 30 de março de 2011

Novos Projetos!

Não costumo fazer divulgação de eventos por aqui mas estou com esses dois novos cursos e estou super empolgada com o conteúdo deles!

O primeiro é um curso de curta duração no estúdio da Elis Pinheiro, bailarina que sou fã (:D) em São Paulo. O conteúdo será "Tribal aplicado à Dança do Ventre" e o curso se inicia no dia 11 abril e tem término no dia 27 de junho. Estou planejando muitas coisas legais pra esse curso! Bailarinas de tribal são bem-vindas, e podem esperar um conteúdo com foco maior na técnica, musicalidade e qualidade de performance! Informações completas com a Elis no email: elispinheiro.estudio@gmail.com.




































O segundo é um workshop de ATS em São Paulo, o primeiro em sampa desde que tirei o certificado de professora e o Sister Studio do Fat Chance. Estou empolgada pra começar a espalhar mais ainda esse estilo, tenho me divertido pencas desde que comecei a ensiná-lo em aulas! :D Vai ser num espaço super lindo na Vila Madalena! Informações no meu email: nanaquadros@hotmail.com. Espero vocês!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Não chame de "calça harém", "bracelete escrava" e "meninas que dançam"- Por Carolena Nericcio

 Pintura Orientalista retratando um harém 

Esse texto foi publicado no Tribal Talk - The Voice of FatChance BellyDance e foi escrito em novembro de 2001. Acho ele simplesmente fantástico, as observações que ela faz são muito felizes e ele  mudou minha maneira de ver as coisas desde que o li há alguns anos atrás. Por isso resolvi traduzir para compartilhar, espero que tenha o mesmo significado para vocês!

"Quantas vezes já lhe perguntaram: 'É verdade que a dança do ventre nasceu como uma maneira das meninas do harém chamarem a atenção do sultão?' Se a sua resposta foi 'nunca', sinta-se abençoada, pois eu sinto como se me perguntassem isso o tempo todo.
Agora, eu lhes pergunto: se nós ocidentais, como sociedade, somos tão inclinados a eliminar linguajares preconceituosos, certificando-nos de que nosso discurso seja politicamente correto e garanta direitos iguais para todos, porque desfazemos todo esse 'bem' ao nos referirmos às dançarinas do ventre como 'meninas que dançam' e usam 'calça harém' e 'bracelete escrava'? Porque achamos que ser a 'favorita do sultão' é uma coisa boa?
Porque temos uma visão tendenciosa da história e dos direitos das mulheres (ou seja, dos direitos humanos). As referências a 'escrava' e 'menina' são bem fáceis de entender. Se você vai usar o conceito de 'bracelete escrava' para vender uma bijuteria, você pode usar também o apelido extinto - e igualmente ofensivo - quando referir-se a castanhas-do-pará*. E o termo transparente 'meninas que dançam' é obviamente uma maneira de enfraquecer a mulher delegando-lhe o papel de criança indefesa. A fantasia do harém é mais difícil de ilustrar, mas tentarei.
Tenho certeza de que nem todos compartilham minha opinião, mas talvez eu consiga explicar meu ponto de vista. Quando eu comecei a dançar e depois a ensinar dança, eu queria aprender absolutamente tudo sobre a dança do ventre. O que eu descobri (20-25 anos atrás) foi uma porção de livros sobre as mulheres do Oriente Médio e Norte da África, mas nada relevante sobre a dança do ventre. Então, eu me contentei em ler as entrelinhas e coletar informações. Parte daquelas informações se tornaram o estilo eclético que virou o Tribal Americano e a outra parte alimentou minha paixão pelo feminismo e pelos direitos das mulheres. Daquela cultura peguei os belos trajes, músicas, uso de cores e formas e apliquei-os na dança. Descartei os conceitos de falta de liberdade, casamento forçado, status inferior das crianças de sexo feminino e mutilação genital.
Eu li muitos livros que diziam coisas que eu não queria ouvir. Portanto, quando eu escuto a palavra 'harém' ser usada indiscriminadamente para descrever um estilo de calça que é solto e fluído, me irrita profundamente. Os haréns eram prisões das quais as mulheres não escapavam. Os haréns eram a única maneira de sobreviver em um mundo em que as mulheres 'respeitáveis' não podiam trabalhar para se sustentarem. Os haréns eram uma maneira do homem mostrar que ele tinha dinheiro suficiente para sustentar muitas esposas e igual número de filhos. Havia os haréns do palácio de Topkapi na Turquia onde um sultão mantinha centenas de esposas, mas a família estendida padrão também era um harém. E embora as liberdades e costumes mudem de um país para o outro, a idéia central é a mesma: mulheres são fracas e estúpidas e precisam dos homens para cuidar delas. As mulheres são cidadãs de segunda classe cuja principal função é ter filhos. Filhas são um fardo, por isso terminam em haréns. Famílias pobres com muitas filhas freqüentemente as vendiam ou davam para os haréns para que tivessem uma chance de sobreviver. Os eunucos que guardavam os haréns dos sultões muitas vezes eram homens pobres que se emasculavam para que pudessem sobreviver. 
As pinturas orientalistas que retratam haréns cheios de belas mulheres repousando em almofadas foram pintadas por homens que nunca viram o interior de um harém. Por mais belas que sejam, essas pinturas apresentam um ponto de vista distorcido. No mínimo, elas não retratam o tédio e a incapacidade de sair por livre-arbítrio. Pelo lado pior, o que elas não retratam é o tédio que leva à loucura e à pena de morte por tentar fugir. 
Apesar de muitas vezes serem bem instruídas, as mulheres do harém não podiam usar sua educação a seu favor ou tomar qualquer decisão sobre suas vidas. Ser 'a favorita do sultão' não significava ser apreciada por ser a melhor dançarina ou pelo rosto mais bonito. A 'favorita' era uma mulher que tinha percebido o fato irônico de que se usasse sua educação e beleza para tornar-se companhia constante do rei, ela teria uma boa chance de sobreviver se conseguisse dar à luz um filho. Significava que ela teria uma grande chance de sobreviver se seu filho conseguisse tornar-se o próximo sultão, pois a mãe do sultão era uma espécie de conselheira política. Mas essa sobrevivência seria curta, já que a corte inteira seria morta ou exilada quando o próximo sultão tomasse posse. 
Os haréns não eram lugares românticos cheios de dança e calças diáfanas. Como Fatema Mernissi reitera em seus livros, um harém é uma prisão. Não associemos isso à forma de arte que estamos apresentando."


*Nos EUA, recebem o nome de "Brazil nuts" e antigamente eram chamadas pelo apelido preconceituoso "dedos de negro".


Texto por Carolena Nericcio.  
Traduzido com autorização por Mariana Quadros.  

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

De uma vez por todas...

Vamos parar de postar comentários ou tópicos maldosos sob a alcunha de liberdade de expressão ou direito a opinião própria, ou o que é pior ainda, sob o pretexto de crítica construtiva? Direito a opinião todo mundo tem, mas expressá-la publicamente quando ela não foi solicitada, e quando ela é negativa, só faz queimar o trabalho alheio gratuitamente, além de "queimar o filme" de quem fala muito mais do que o de quem recebe a crítica. Vamos começar a escrever e publicar só o que realmente vale a pena? Vamos? :)

obs: segunda feira postagem nova super especial! :)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Autodidatismo, profissionalização e afins


Trago hoje um assunto que me intriga bastante no estilo tribal. Porque cargas d'água algumas pessoas parecem achar que podem tornar-se profissionais de tribal sem sequer ter feito aulas no estilo? Ok, tem gente que acha que tribal é só dança do ventre metida a besta. Portanto, se a pessoa em questão fez aulas de dança do ventre, acredita que pode sair dançando tribal e dando aulas, afinal, é só estilizar um pouquinho né? Porque então tantas pessoas juntam seus trocados para fazer workshops com as tribais que vêm de fora, ou mais ainda, indo para fora para fazer aula, ou mesmo fazendo aula com as profissionais realmente  especializadas daqui do Brasil? Mera perda de tempo né?

O que acaba acontecendo é o que todos já viram: perda na qualidade e moral do tribal pelo Brasil afora. Juro que escapa ao meu poder de compreensão como pessoas que não fizeram sequer uma aula ou um workshop de tribal podem ser "profissionais" no estilo. No tribal, mais do que em outras danças, parece existir também um número enorme de autodidatas coisa que para mim, sinceramente, é história da carochinha. Aprendeu com dvd e nunca teve ninguém para te corrigir? Primeiro, você não é autodidata porque tinha alguma profissional te ensinando, ainda que por dvd. Segundo, as chances da sua execução técnica ser incorreta e cheia de vícios são grandes, sem ninguém para apontar o que você está fazendo de certo ou de errado. Os dvds são uma ferramenta de estudo realmente excelente quando bem utilizados. O ideal é sempre ter alguém capacitado para dar uma força e verificar se a sua execução está correta, especialmente quando se está em início de aprendizado. De qualquer forma, os dvds devem ser sempre uma complementação ao seu estudo e nunca sua fonte principal. 

O tribal possui técnicas específicas - como qualquer outra dança - que constituem a base do estilo. Uma vez que essas técnicas passam a fazer parte da sua memória muscular, você pode inventar sua própria interpretação para ele. Uma boa profissional deve ser capaz de te dar essa base para que depois você saia "inventando" à sua maneira. Percebo que cada vez mais existem bons profissionais surgindo no Brasil. Mas, como não poderia deixar de ser, os maus profissionais continuarão existindo. Por isso, cabe a nós, profissionais, admiradores e estudantes, manter os olhos abertos e não dar moral para quem não é sério. E lembrar que para se profissionalizar em qualquer dança é SEMPRE necessário ter currículo ou formação específica ;)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Não se perca no caminho!


Queria falar de um "fenômeno" no tribal fusion que aconteceu comigo e que, quando parei para observar, percebi acontecendo com muitas pessoas. O nosso estilo é super livre, certo? Podemos usar a roupa que quisermos, a inspiração que quisermos, a música que quisermos, certo? (salvo pequenas restrições - que parecem se tornar cada vez menores). Então, justamente, acho que tanta liberdade de escolha às vezes pode atrapalhar. Deixe-me explicar: quando eu comecei a dançar, há 6 anos atrás, o tribal fusion era uma coisa. Hoje, apenas alguns anos depois, ele é totalmente diferente! Quer dizer, quando comecei a me acostumar ao estilo, ele já tinha mudado completamente. Como é uma modalidade que está em constante evolução, às vezes ficamos meio para trás com tantas mudanças. Por muitas vezes me senti assoberbada com a quantidade de interpretações possíveis para um mesmo estilo, e perdi o rumo. Esqueci o que eu queria para mim da dança, esqueci para onde eu estava indo. Na "minha época" o moderno, a "última tendência" era usar música eletrônica, misturar sintético com natural, plástico com prata tribal. Hoje, o hot do momento é comprar peças vintage e dançar música árabe. Vai vendo... Precisa ter muito bem definido para si o que VOCÊ quer de tudo isso, o que realmente fala mais alto com você, para que não acabe se "perdendo" de certa forma. Sei que isso tudo pode parecer muito severo e calculista da minha parte, mas veja lá, para mim a dança é uma busca eterna. Estou sempre atrás de um objetivo, buscando atingir alguma coisa em termos estilísticos e técnicos. Por isso, para mim se torna complicado quando a referência vive mudando a todo momento. E foi exatamente isso que eu acabei notando em alguns casos. São tantas as possibilidades que a pessoa se perde e não faz nada de concreto. Um dia está brincando com temas balkan, noutro dia querendo ser vintage, noutro gótica... E não se pode fazer tudo isso e divertir-se pencas? Opa, sem dúvida alguma! Se for isso que fala no seu coração, experimente e divirta-se! Mas, quando se trata somente de fazer por fazer, de dançar por dançar, então eu não concordo muito não. Nesse caso, acho que realmente devemos olhar pro começo e entender o que foi que nos atraiu, onde queríamos chegar com aquilo. Para mim, o momento em que consegui fazer essa retrospectiva representou um grande insight. Como se, de repente, tudo se esclarecesse e eu lembrasse novamente o porque eu comecei. Talvez eu não tenha conseguido ser muito clara, mas espero ter dado ao menos uma idéia do que eu quis dizer com esse post!

Acho que o que eu realmente quis dizer enrolando em todas essas linhas foi: não tente seguir a moda do tribal fusion. Não pule a cada nova tendência como  se você precisasse daquilo para ainda se enquadrar no estilo, isso não é verdade, e qualquer um que te diga o contrário está redondamente enganado. Siga seu próprio tempo, seu próprio feeling. Permita-se esperar o tempo passar e assimilar somente o que realmente tem a ver com você em meio a cada turbilhão de novas tendências. E lembre-se sempre do que te fez começar.

Obrigada muito muito por acompanharem o blog e pela paciência!

Abraços!

Mariana

Desenho por Aline Oliveira

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Divagações Aleatórias Pt.2


"Somente quando paramos de tentar ser o que não somos é que nos tornamos de fato o que queremos ser."


Tenham uma boa semana!


Frase de Mariana Quadros
Ilustração de Zoe Foster

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Para começar o ano

Ainda não tinha achado nada que valesse a pena para o post inaugural do ano, mas achei essa frase estupidamente linda em um livro de fotografia. O autor é um cantor, compositor, poeta e escritor canadense. Bom, aproveitem, e espero que tenham um belíssimo ano!


"Trabalhe com o que você tem. Esqueça a perfeição. Em tudo há uma falha, e é por ela que a luz entra"

- Leonard Cohen


Foto tirada desse site.