Qual a melhor maneira de ficar bom em alguma coisa? Fazendo aulas, workshops ou cursos de 2.000 reais com professores internacionais? Não... isso é complemento, isso tudo ajuda... pra ficar bom em alguma coisa você tem que QUERER fazer bem aquela coisa. E querer não significa "ah eu quero" e pronto.
Querer significa que você quer o PROCESSO, você quer aquilo todos os dias, você quer ler, estudar e praticar todos os aspectos envolvidos naquilo que você quer fazer bem. No caso da dança, mais especificamente, do estilo tribal, a nível profissional, significa ainda mais: significa conceitualizar e executar figurinos de alto padrão (o que não é sinônimo de caro, apenas bem feito e bem pensado), aprender a fazer uma maquiagem eficaz, garimpar e editar boas músicas, fora todos os outros aspectos físicos envolvidos na prática de qualquer dança.
A dança se aprende na frente do espelho, dançando e treinando, repetindo, malhando, até ficar bom. É assim com QUALQUER dança que tenha pretensão profissional ou artística. Não, dança não é arte. É uma das muitas ferramentas para a arte. Toda dança tem potencial artístico, o que não quer dizer que toda dança será artística. E essa é uma diferença importante.
Tenho a sensação de que na intenção de "fazer arte" pula-se muitas etapas no âmbito da nossa dança, e isso interfere na elevação do nível técnico e artístico de nossas produções. A questão não é, nem nunca foi, no tribal onde cada um preza por ter ou "criar" seu estilo próprio, a discussão de "técnica X arte", pois elas não são coisas separadas. Um é ferramenta para o outro. E técnica é sempre proveniente de treinamento e repetição, organização física e mental e quiçá, espiritual. Como construir a técnica experimentando de tudo um pouco, e muito de nada? Corpo é matéria orgânica, e memória muscular é um fato e não uma opinião. Finalizando, deixo com quem diz melhor do que eu seria capaz, um pensamento com o qual concordo absolutamente, e que busco atingir (porque se é pra olhar, olho pro alto!):
"Para dominar uma técnica é preciso incorporá-la inteiramente: só assim o movimento flui com naturalidade e o bailarino dança como respira. Então, já não há mais preocupação em seguir uma técnica. Por isso, costumo dizer a meus alunos: eu não danço, eu sou a dança. É o que eu gostaria que todo bailarino sentisse." - Klauss Vianna