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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Artista ou Artesão?

Há muitos anos que eu queimo os miolos pensando na questão do estilo próprio. Para mim é uma das questões  mais profundas no Tribal Fusion, que é por si uma modalidade que abraça infinitas variáveis de estilo. Mas, por trás de todas essas variáveis de fusão (indiana, moderna, jazz, etc.), existe ainda um fator mais profundo que é o motor da dança em si. Como o SEU corpo se move? Como ELE e SÓ ELE executa esses movimentos, sejam eles de Tribal Fusion, dança indiana, ATS ou seja lá o que for?

Alguns meses atrás eu tive um grande insight sobre esse assunto ao assistir um documentário italiano chamado "Cinema feito à mão", sobre os ateliês na Itália que fabricam os figurinos e cenários dos filmes de Hollywood. O documentário é muito bom e recomendo para quem gosta de cinema! Porém o que realmente me marcou foi uma das entrevistas, com um exímio escultor que fazia cenários. O trabalho dele era absolutamente perfeito. Quando indagado pelo entrevistador sobre sua arte, ele respondeu: "Sou um artesão, não um artista. Artista é quem inventa, cria". Para mim essa noção foi um divisor de águas sobre o assunto. É simples e óbvio assim, só que eu nunca tinha conseguido concretizar de forma tão clara: o artesão pode até fazer tudo, ser o melhor, mas artista é quem cria.
A técnica não faz de ninguém artista. Dançar não faz de ninguém artista. Artista é quem cria, vai além da reprodução. Reproduzir as técnicas de uma determinada dança não representa trabalho artístico se não houver apropriação delas. Enquanto a técnica não se torna verdadeiramente sua, pessoal, ela não passa de uma técnica como tantas outras. Daí a importância de criar um repertório próprio, conhecer seu corpo, investir o suor. Para ser artista, e não artesão. E aí, qual caminho você escolhe? ;-)




segunda-feira, 16 de julho de 2012

Anasma Vuong em Salvador!

A postagem de hoje teve contribuição da Rebeca Piñeiro, diretora e proprietária da primeira escola dedicada exclusivamente ao tribal no Brasil, a Escola Campo das Tribos e também organizadora do evento internacional anual Campo das Tribos. Ela contou como foi a experiência na Caravana Tribal na Bahia, evento que aconteceu no mês de julho organizado por Bela Saffe com a convidada Anasma (FRA). Bom, chega de introduções e vamos ao que interessa!

Caravana Tribal - Bahia

Tive a grande honra de participar da Caravana Tribal que aconteceu em Salvador - BA nos dias 06, 07 e 08 de julho de 2012, organizado por Bela Saffe e que trouxe pela primeira vez ao Brasil a dançarina francesa Anasma. Digo que foi uma honra por ter aprendido muitas coisas, ter participado intensamente dos bastidores do evento e ver tudo fluir com uma excelente energia e profissionalismo. Realmente me encantei e voltei com as baterias recarregadas e muitas coisas para estudar.

Sobre Anasma:
Tive excelentes momentos ao lado dessa mulher. Depois de conhecê-la pessoalmente pude entender e admirar um pouco mais as suas danças. É uma pessoa muito inteligente, simples, educada, e muito dedicada ao que faz. Tive a grande honra de conhecer essa pessoa linda e aprender com ela muitas coisas que foram além da dança. Conversando com ela, soube que nasceu em Paris, morou menos de um ano na Índia, alguns anos em Nova Iorque e hoje vive com seu marido em Paris. Anasma não nomeia seu estilo como Tribal Fusion pois não usa o ATS como sua base, apesar de conhecê-lo bem. Ela o chama simplesmente de "fusion" ou seja "fusão", e sua principal base é a dança do ventre que estudou por 10 anos. Seus conhecimentos são inúmeros e seu condicionamento físico é incrível. Anasma tem uma energia inesgotável e contagiante, é brincalhona, imita animais o tempo inteiro e isso é realmente agradável vindo dela, pois é muito natural, quando me dava conta eu estava imitando um macaco ou uma foca, uma alegria que contagia!

Como professora Anasma é ligada no 220w! Sua aula é bem puxada e lotada de informações. No começo senti dificuldade em seguí-la mas quando a aula terminou me dei conta do tanto de coisas que havia absorvido e que sim, Anasma é também uma ótima professora. Anasma também utiliza muitos movimentos de yoga em suas aulas, junto com movimentos de Liquid e Hip Hop. Achei bem difícil mas é lindo e desafiador. Detalharei mais sobre as aulas quando for falar sobre os workshops. :)

O evento começou na sexta-feira, dia 06 de julho, com dois workshops com duração de 1h15 cada:
Técnicas de ATS para Tribal Fusion com Rebeca Piñeiro (eu!) e Tribal Burlesco com Cibelle Souza. A sala de aula estava cheia e tivemos a participação especial do Nino (gato da Bela) que assistiu as aulas de sua almofada em frente ao espelho. A Tara Ateliê Tribal expôs seus lindos produtos nesse dia.

Nos dias seguintes, 07 e 08 de julho, tivemos aula com Anasma das 10h às 13h. Ela ensinou técnicas de Hip Hop, arm wave, air walk e mais um monte de movimentos lindos e (para mim) difíceis. Anasma os faz com tanta perfeição e leveza que minha vontade era de parar tudo, sentar e apenas assistí-la (confesso que em alguns momentos era o que realmente fazia). Para manter a energia da turma, Anasma soltava gritos, fazia sons de animais e o mais legal foi que todos entraram no clima e respondiam com os mesmos sons. Foi divertido!

O Show:

O show aconteceu no dia 07 no Teatro do Irdeb (Federação). Foi muito bem produzido, fluiu sem nenhum problema. O cenário estava muito bonito e a casa estava cheia. Tivemos apresentações de profissionais e amadores no mesmo show, foi muito bonito e diversificado. Foi uma experiência muito boa, o clima estava suave, positivo, baiano!

Solos da Anasma:

Vou puxar mais um pouco de sardinha para ela porque realmente foi INCRÍVEL o que essa mulher fez no palco. Sua primeira dança durou 15 minutos (que pareciam apenas 4). Dançou e fez mímica durante a apresentação. Sua expressão, seus músculos, suas culturas, seus estudos, tudo ali, tudo muito bem feito, muito estudado, muito intenso e admirável. Anasma é realmente uma artista de excelente qualidade. Sua segunda entrada foi mais curta mas tão boa quanto. Anasma fez o anjo caído do céu e seu personagem começa como um anjo (claro!) e começa a conhecer os pecados como gula, luxúria, ganância, vaidade, etc. Achei a idéia muito bem executada. Anasma é MIL vezes melhor quando se vê ao vivo.

Bela Saffe (realizadora):

A Bela é um ser humano muito lindo e excelente anfitriã. Só tenho elogios. Realizou o evento com muito profissionalismo, alegria, respeito e suavidade. Um exemplo a seguir.

Aprendi muito, me diverti muito e pude conhecer mais sobre Cibelle Souza, Bela Saffe, Anasma e Kelly (Tara Ateliê Tribal), pessoas que ganharam mais respeito e admiração da minha pessoa. Não vejo a hora de voltar para a Bahia e viver tudo isso novamente! Agradeço muito a Bela Saffe pelo convite para dar workshop e dançar no show, foi uma experiência muito linda e produtiva! Obrigada Mariana Quadros pelo convite para este post em seu blog que tanto sigo!

Muitas coisas andam acontecendo no mundo tribal e acho de extrema importância valorizarmos as coisas boas como esse evento, realizado e frequentado por gente que estuda e respeita a arte, os seres humanos e as diferenças.

Hum... Já sinto vontade de comer um acarajé! :)

Rebeca Piñeiro

                             Imagens do show por Fernando Naiberg
Rebeca Piñeiro
Bella Saffe
Cibelle Souza
                                                                Anasma Vuong

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Resistência e Falta de Confiança em Si

O trecho a seguir é de um livro chamado "A Guerra da Arte", de Steven Pressfield. É um livro curtinho e fácil de ler, mas seu conteúdo é super inspirador. Recomendo para qualquer um que crie ou tenha vontade de criar qualquer coisa nessa vida! Ele não está mais sendo editado, mas é fácil de encontrar nos sebos por algo em torno de R$15,00 (foi onde encontrei o meu!). Espero que esse trecho inspire alguém do jeito que inspira a mim!:)

"A falta de confiança em si mesmo pode ser uma aliada. Ela serve como indicador de aspiração. Reflete amor, amor por algo que sonhamos fazer, e desejo de realizá-lo. Se você flagar-se perguntando a si próprio (e a seus amigos) 'Serei realmente um escritor? Serei realmente um artista?', é bem provável que você seja.

O falso inovador é extremamente autoconfiante. O verdadeiro morre de medo."

segunda-feira, 5 de abril de 2010

É, é bem legal... Mas o que quer dizer mesmo?

Ultimamente tenho pensado bastante sobre questões como presença de palco, intenção na dança e assuntos desse tipo. Conseqüentemente (é, eu gosto de trema e vou continuar usando enquanto puder!) tenho sentido que um dos aspectos mais bacanas do tribal fusion tem se tornado justamente o que o faz ser mal interpretado e até mal visto em alguns casos.

O fato é que em comparação a outros gêneros de dança, temos uma grande liberdade em relação à escolha de músicas, trajes e repertório de movimentos. E sinto que isso tem virado sinônimo, em muitos casos, de ausência de significado. Para performances, são escolhidas as músicas mais improváveis e figurinos mais doidos ainda. Mas... O que quer dizer aquilo mesmo? Se é conceitual, qual o conceito por trás? Muitas vezes não fica claro para o público, e o que realmente me questiono é: Será que existe algum conceito ou intenção por trás daquilo? Ou é tudo só uma colcha de retalhos feita sob medida para impressionar e demonstrar da melhor maneira possível as habilidades (ou falta de, em alguns casos) da performer?

Se dança é arte, antes de qualquer técnica, a dança tem que ter verdade. Tem que ter coração. Escolher uma música só porque os outros usam ou um traje só porque é igual ao de alguma famosa, não é verdadeiro. Essas escolhas realmente refletem uma faceta da dançarina ou só foram feitas porque ela acredita que é assim que fica bacana para os outros?

Agora, porque não aproveitar essa liberdade para incluir um pouquinho de si na dança, nas escolhas musicais e de movimentos e nos trajes? Tenha em mente o que quer expressar. Não deixe que o anseio por fazer rápido e bem feito te transforme em um prato raso de significado. Permeie suas escolhas com o que faz sentido para você, mesmo que esse sentido não seja claro ou literal para os outros. Faça com que suas escolhas sejam pessoais. Uma das maiores inspirações que tenho nessa dança, uma vez me disse: “Não importa se você usa ou faz o que todo mundo está usando ou fazendo, contanto que aquilo faça sentido para você”. Talvez seja justamente isso que falta!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Divagações aleatórias Pt. 1

Assistindo a uma apresentação de dança nesse fim de semana me dei conta de uma coisa em que vinha pensando há algum tempo: uma performance bem-sucedida é aquela que faz você sonhar. É aquela que faz com que, naqueles poucos minutos de apresentação, você fique envolvido de tal maneira que só queira continuar assistindo, e com o máximo de atenção possível. Você se abre um pouquinho e se torna um pouco mais vulnerável. Fica com cara de bobo. Já perceberam isso?

Eu já vi muitas bailarinas excelentes, do alto escalão mesmo, que não me envolveram desse jeito. Tenho certeza de que isso é também uma coisa muito pessoal, já que a mesma apresentação pode provocar diferentes sensações em pessoas distintas. E não podemos levar em conta apresentações em vídeo, em que coisas maravilhosas podem perder o impacto e se quer saber... O contrário também acontece. Estrelinhas do youtube à parte, é essa mágica que eu espero quando vou a uma apresentação, mesmo sem perceber... E acho que é a essa mágica que podemos almejar quando criamos alguma coisa. Alcançar uma partezinha das pessoas de alguma maneira, nem que seja por breves instantes, e tocá-las de alguma forma. É disso que é feita a arte.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Essa mulher sabe das coisas...


Martha Graham para Agnes De Mille, traduzido do blog da Rachel Brice (endereço do blog há uns dois posts atrás):

"Existe uma vitalidade, uma força, um despertar que é traduzido por você em forma de ação, e porque só existe um de você em todos os tempos, essa expressão é única.

Se você bloqueá-la, nunca existirá por nenhum outro meio e estará perdida. O mundo não a terá.

Não é sua função determinar o quão boa ela é ou como se compara com outras expressões. Sua função é manter o canal aberto.

Você nem precisa acreditar em si mesmo ou no seu trabalho.
Você precisa se manter aberto e inteiramente atento aos anseios que o motivam.

Mantenha o canal aberto.
Artista nenhum encontra contentamento.
A satisfação não existe em momento algum.

Existe apenas uma estranha e divina insatisfação; um desassossego abençoado que nos mantêm seguindo em frente e nos torna mais vivos que os demais."

*********************************************

Embora tenha feito o melhor que pude com a tradução, o original é tão lindo e preciso que se você entende inglês, sugiro que vá direto para ele!

“There is a vitality, a life force, a quickening
that is translated through you into action,
and because there is only one of you in all time,
this expression is unique.

If you block it, it will never exist through any other medium
and be lost. The world will not have it.

It is not yours to determine how good it is;
nor how it compares with other expressions.
It is your business to keep the channel open.
You do not even have to believe in yourself or your work.
You have to keep open and aware directly
to the urges that motivate you.

Keep the channel open.
No artist is ever pleased.
There is no satisfaction whatever at any time.
There is only a queer divine dissatisfaction;
a blessed unrest that keeps us marching and makes us more alive than the others.”