segunda-feira, 21 de junho de 2010

A música para Tribal Fusion

Ouço muita gente reclamar que acha difícil encontrar músicas pra dançar, e ás vezes me perguntam como achar músicas novas para se apresentarem. A verdade é que fazemos parte de um estilo de dança que é dos mais democráticos em termos de escolha de tudo, inclusive musical. Não tem nenhuma razão no mundo para dançarmos sempre as mesmas músicas, a não ser que essa seja a sua preferência pessoal.

O que eu costumo dizer é que o critério para essas escolhas deve ser sempre o coração. Escolha músicas que você ama, que te tocam de alguma forma. Procure entre as músicas que você costuma ouvir normalmente, fora do âmbito da dança. Muitas vezes tem verdadeiras pérolas só esperando para serem dançadas! Não se preocupe se alguém já dançou ou não aquele estilo musical, se vão achar que é estranho você dançar aquilo. Nosso estilo é estranho! O importante é escolher músicas com as quais você sinta uma ligação, e não somente as músicas que você acha que servirão bem pra sua apresentação. Tem que ter um algo mais. Se a música que mexe com você é daquelas "baciadas" que todo mundo já dançou, também não precisa se preocupar! Se ela realmente te toca, você certamente achará uma maneira diferente de interpretá-la, pois ninguém sente as coisas exatamente do jeito que você sente.

Porém, existem alguns cuidados a serem tomados na escolha da música. Primeiro, se a música tiver letra, saiba sobre o que fala e preste atenção se o que é falado combina com a sua intenção ao dançar. Geralmente a letra da música ajuda bastante a dar o tom da apresentação, você pode até brincar com algumas coisas faladas na letra enquanto dança, contanto que não vire mímica! Voltando a questão de conhecer a letra, mesmo que ela seja em outro idioma, com a internet e os youtubes da vida nunca se sabe quem vai assistir o nosso vídeo. Por isso, todo cuidado é pouco com músicas cantadas!

Fora esse cuidado com as letras, também devemos tomar cuidado com o lugar em que vamos dançar na hora de escolher a música. Talvez não seja uma boa idéia escolher uma música muito maluca, por exemplo, pra dançar em um local onde o público seja totalmente leigo em tribal. Melhor guardar as experiências mais ousadas para um público que seja mais amistoso, como por exemplo pessoas que já sejam da área da dança ou amigos que tem mais condições de entender o que você está fazendo.

Fora isso, realmente o céu é o limite na escolha musical. Bom senso e bom gosto também ajudam bastante nessa hora! Deixo aqui alguns vídeos com escolhas musicais nada óbvias! Embora o primeiro não seja de tribal, acho que ilustra bem esse tópico!

Petite Jamilla dançando uma música do Counting Crows, uma das minhas bandas preferidas de todos os tempos! Ficou meio hipnótico, se não fosse pela pentelha fazendo lililili altão várias vezes! *_*


Aqui eu dançando uma música de outra banda das preferidas, Arctic Monkeys. Essa foi escolhida meio sem querer, quando fui ver já estava dançando! Acho que ela que me escolheu! ;) Ah, e só pra constar, não considero esse momento como um dos meus mais tribais, muito pelo contrário. Mas tá no fusion então tá valendo! rs

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Review - Serpentine

Serpentine é o muito aguardado DVD novo da Rachel Brice. Ganhei de aniversário de uma amiga querida junto com uma camiseta chique e oficial da Rachel, nessa foto - "Bitter Oriental" é um nome que a Rachel gosta de usar para se referir ao tribal, algo como "oriental amargo". Li no novo blog dela, que achei pelo blog da Marília.  

Primeiro DVD

O dvd é duplo e tem 4 horas de duração, 2 horas pra cada disco, tem que ter muito apetite pra fazer numa tacada só!

Ela começa com uma revisão nos 10 pontos principais de uma boa postura de dança, o que eu achei bem interessante pois a postura que ela usa normalmente é muito mais erguida do que a que eu costumo usar. Ao que me parece, ela faz algum uso das costelas, coisa que sempre achei ser um "não" com letras garrafais no beabá da postura...Vivendo e aprendendo!

O dvd é muito bem organizado, as instruções são claras, a locação e iluminação são agradáveis e o dvd todo é super bem produzido, muio mais do que os anteriores dela.

Yoga

Como não poderia deixar de ser, depois da explicação sobre postura tem uma prática de yoga de uns 30 minutos, começando com respiração (que achei ser dispensável num dvd de dança). A prática é bem estruturada e vão aparecendo os nomes das posturas na tela, o que ajuda bastante pra quem não tem familiaridade com elas. O que mais me impressionou aqui é ver a força que essa mulher tem executando as posturas, como se não exigissem nenhum esforço! Mas, uma coisa que devemos lembrar é que a Rachel é uma yogue experiente, e nem tudo que é bom pra ela será bom para todos na prática. Algumas posturas podem ser muito fortes para algumas pessoas. É importante lembrar disso quando se faz qualquer aula - que nem todos precisam fazer tudo do jeito que o professor faz.

Fortalecimento para as pernas e Treinos

Aqui ela mistura padrões de movimentos de pés clássicos da dança do ventre em forma de treinos para fortalecer as pernas. Gostei de ver uma variação do camelwalk (movimento de ATS). Mas dá pra perceber claramente a influência da dança do ventre "old school", cabaret, nos movimentos e até no visual dela. Ela vai acrescentando elementos que formam pequenos combos. Seria legal se ela fizesse essa parte de costas para a camêra e de frente pra um espelho (a pessoa aqui com problema de lateralidade se perdeu inteira em algumas viradas!). Ela não explica a técnica dos movimentos básicos, portanto quem quiser essa parte é melhor buscar no primeiro dvd dela, o "Tribal Fusion Belly Dance".

Treinos de Isolamento

Aqui é mais divertido ver a Rachel menos séria, mais parecida com o jeito dela nos palcos atualmente. Até então ela estava uma seriedade só no dvd! Ela vai passando isolamentos diversos e misturando com padrões de andadas. Estão inclusos ombros, duas técnicas diferentes de ondulação, torso, busto, redondos de quadril, etc. É quase como se estivéssemos nos bastidores da dança, vê-la sem a parafernália dos trajes e ainda assim com um magnestismo absurdo, quase hipnotizante quando faz os movimentos. Só prova que ela não precisa de tudo aquilo pra ser incrível!

Treinos de Shimmi

Não é explicada nenhuma técnica de shimmi. Ela sobrepõe o shimmi solto com braços, busto, ombros, ondulações, outros movimentos de quadril e pés. O bom aqui é que dá pra entender algumas sobreposições que não conseguimos durante as apresentações, já que ela faz de forma mais clara pra gente acompanhar. Bem bacana pra quem já faz shimmi sem maiores problemas e está buscando padrões diferentes pra sobrepor.

No final, tem outra prática compridinha de yoga pra finalizar e acalmar - uns 20 minutos. Ela também dá sugestões de como combinar os treinos do dvd para quando você tem mais tempo ou menos tempo, super útil.

Segundo DVD

No segundo dvd, ela passa duas coreografias, uma lenta e uma rápida, ambas com aquela pegada balkan que tem caracterizado o trabalho do Indigo nos últimos anos.

Novamente ela não explica básicos de técnica nenhuma, mas usa algumas das técnicas trabalhadas nos treinos do dvd anterior. Ela faz tudo de costas pra câmera e de frente pro espelho, o que é ótimo! Dá bastante tempo pra treinar os combos, primeiro em outra música sem ser a da coreografia e depois na música da coreografia.

O que eu realmente gostaria de ver seria explicações sobre o porquê das escolhas dos movimentos, da leitura musical, enfim, explicações que ultrapassassem o âmbito das técnicas nas coreografias. Acho que não falar sobre isso faz parte do estilo dela, nos dois works que fiz e nos works que minha amiga fez esse ano, ela nunca se prendeu muito a explicações pessoais desse tipo. Sinto falta dessas coisas quando estudo com alguém.

Uma coisa bacana do dvd é uma mini aula sobre cambret, ou backbends como eles chamam. Ela explica que você precisa subir para descer, em vez de "dobrar" para descer, como muitas vezes vemos as pessoas fazerem. Mais uma vez é impressionate vê-la falar enquanto demonstra a técnica como se não fosse nada difícil! rsrs Tem também uma sessão de yoga voltada para os backbends (ou retroflexões), algumas explicações sobre os básicos da teoria musical, padrões de pés e de braços, respiração na yoga e duas performances completas com figurino, além da demonstração das duas coreografias com figurino também. Uma das performances é com a mesma música da coreografia que ela ensina, só que com movimentos diferentes e provavelmente de improviso, que já é marca da Rachel. Bom pra ver duas maneiras de fazer a leitura da mesma música.

Conclusão: esse dvd tem tudo (ou quase tudo)! Basicamente, é o mais próximo que se pode chegar de uma aula da Rachel sem fazer uma aula com a Rachel. Com certeza o dvd é mais voltado pra quem já sabe o básico e está buscando avançar e praticar. Mas, o que eu acho mais legal de tudo é ver que não existe fórmula mágica para o sucesso. A Rachel definitivamente honra sua tattoo, um sutra da yoga que diz: "A prática se firma depois de ter sido cultivada adequadamente e initerruptamente por muito tempo". Isso é visível em cada movimento que ela demonstra. O nível de execução que ela alcançou na técnica é impressionante e inigualável,  misto de um talento natural com muito treino e muito esforço. É bem claro que não tem nada a ver com sorte ela ter chego aonde chegou. E isso eu acho bastante inspirador.