Mostrando postagens com marcador estilo tribal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador estilo tribal. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Gothla 2012


O post de hoje traz a cobertura do Gothla 2012 que aconteceu no mês de junho no Rio de Janeiro e trouxe ao Brasil as bailarinas Ariellah (EUA) e Morgana (ESP). Quem contribuiu com as novidades dessa vez foi a Yoli Mendez. Brigadão Yoli! ;) Vamos lá:

"Confesso que o Tribal Gótico não é muito minha praia, mas como estudante de tribal, sempre que posso marco presença nos festivais que trazem bailarinas gringas para dar aulas. Este ano Jhade Shariff e Rhada Naschpitz trouxeram novos ares para o evento que acontece anualmente no Rio de Janeiro (ano passado com o nome de Tribes e esse ano como Gothla BR pois contou com a bailarina Morgana, criadora do evento gótico que leva o mesmo nome na Espanha).

Primeiro Dia - Sexta-feira dia 22 de junho

Bom, o evento se iniciou na sexta-feira, na escola Asmahan com os workshops das professoras convidadas Kilma Farias, Karina Leiro, Cibelle Souza e Paula Braz, Beth Damballah, Iman Najla e Morgana que encerrou o primeiro dia com um workshop de breaks e domínio corporal. Infelizmente só cheguei a tempo de fazer metade das aulas, então vou dar meu parecer sobre os works que pude participar.
Karina Leiro é sempre maravilhosa. Já fiz dois works com ela e sempre saio querendo mais. Ela ensina a fusionar os movimentos do flamenco com o tribal partindo sempre do movimento raiz, o que eu acho o máximo pois não aprendemos apenas um passo ou um combo, e sim aprendemos o movimento original que podemos ou não usar com o exemplo de fusão que ela propõe depois. Seguimos com Iman Najla, uma profe argentina que eu já conhecia pessoalmente de quando viajei para Buenos Aires para participar do seu evento que contou com a Ariellah em 2010. O workshop da Iman foi sobre técnicas de Dark Fusion, também me surpreendi bastante. Iman é uma professora super conceituada na Argentina que ensina e dança aquele gótico mais gótico do mundo, aquele que gosta de utilizar dentes de vampiros, punhais e lentes coloridas no palco, um estilo teatral, forte e sério. No work aprendemso a direcionar a energia dos braços e algumas maneiras de direcionar o olhar (aquele penetrante) para o público. Para finalizar, Morgana, muito simpática e linda nos explicou as diferenças entre locking, popping e breaks ensinando cada um deles em combinhos que futuramente uniu e fez uma coreografia. Deu para perceber que ela mandava muito bem e comecei a me animar para o show do dia seguinte, estava contanto as horas para vê-la dançar. E assim terminou o primeiro dia. Minha única reclamação foi o tempo de duração de alguns dos workshops, uma hora foi muito pouco :(

Segundo Dia - Sábado dia 23 de junho

O colégio Marista é lindo, adoro aquele lugar. O segundo dia se iniciou às 10:00 com o work "Combinações Avançadas" da Ariellah. como estava montando o ateliê não pude participar 100%. Ela utilizou alguns combos que já haviam sido ensinados nos workshops do ano anterior mas sempre vale a pena revisar :)
O workshop seguinte da Morgana foi sobre mímica animal. Ela ensinou alguns movimentos que referenciavam: pantera, serpente, gato, lobo, golfinho, cavalo e escorpião. Novamente juntou todos os combos de cada animal e fez uma coreografia só. Achei bem interessante, claro que nem todos aqueles movimentos ficaram bem para o meu corpo, hehehehe
Pausa para um lanchinho!
O segundo workshop da Ariellah foi sobre fluidez. Ela ensinou como ligar um movimento ao outro e realizar transições suaves entre os passos. Para quem já fez aula com ela, já é sabido: no começo aquela rodinha da galera sentada no chão e uma explicação maravilhosa sobre a importância da fluidez na dança, sobre a contração muscular, etc... O workshop terminou uma hora antes do esperado pois iria avançar no horário das mostras se continuasse, e o restante dele ficou para o dia seguinte. Me arrisquei em um improviso na mostra, hehehe

O show
Bem diferente do ano passado, o show me surpreendeu. O tema do show era Filmes Noir. A abertura foi bem legal, breve e divertida que contou com o personagem Saw do filme Jogos Mortais, ele era muito engraçado e ao mesmo tempo sinistro. Todas as nossas bailarinas estavam lindas, de verdade, mas minhas preferidas da noite foram: Aline Muhana, em uma interpretação maravilhosa do Poderoso Chefão, Gabriela Miranda, Cibelle Souza, Karine Xavier, Rebeca Piñeiro e Paula Braz. Ariellah é sempre maravilhosa, penetrante, intensa, sem palavras! Sobre a Morgana? Para mim ela foi quem levou o título da Rainha da Noite sendo aplaudida de pé após sua segunda performance. No geral o show foi maravilhoso, de super qualidade e de muito bom gosto. Terminado o show, o pessoal se reuniu em uma "after party" em um clube gótico. Essa parte eu vou pular, hehehe quem estava lá sabe o que quem não estava perdeu!

Terceiro Dia - Domingo dia 24 de junho.

Iniciamos com Morgana em um workshop sobre artes marciais e uso de adagas na dança, tenho certeza que depois de sua performance no dia anterior tinha muita gente empolgadíssima com esse work. O tema era bastante interessante porém não curti muito, nada com a aula nem com a professora, adagas e karatê é que não me apetecem muito. Seguimos com a Ariellah que finalizou o workshop do dia anterior sobre fluidez (com muitos giros para nossa alegria), passou alguns conceitos sobre movimentação no palco durante a dança (por sinal muito interessante) e prosseguiu com o workshop "O estilo de Ariellah". Não participei desse work então vou relatar o que a Gabi me contou (é a Gabriela Miranda mesmo). "Ariellah passou uma coreografia temática sobre um soldado e a guerra, com movimentos fortes e impactantes de grande apelo emocional e psicológico."
O segundo workshop da Morgana foi de deixar a língua para fora, quanta energia!!! De novo ensinou movimentos de Hip Hop em forma de combos unindo todos e formando uma coreografia no final com música Pump It do Black Eyed Peas, me diverti bastante com as meninas da Cia shaman. Finalizamos o evento com workshop "The Artist's"da Ariellah que foi considerado o melhor de todos por muita gente, um work bastante conceitual sobre intenção, foco, criatividade, personalidade e outras cositas más :) Adoro aulas conceituais!

Malinhas no carro e bora pra casa colocar tudo isso em prática!! No geral eu gostei bastante. Já tinha estudado com a Ariellah mas nunca com a Morgana. Senti falta de escutar a voz dela, hehehe, aprendemos bastante (e com um tempo bastante legal já que não tinha tradução) sobre novos movimentos e combos nos works mas senti falta de escutar o seu parecer ou intenção com os movimentos ensinados!

Ansiosa pelo próximo work :)"

Por Yoli Mendez

Yoli Mendez














Ariellah












segunda-feira, 16 de julho de 2012

Anasma Vuong em Salvador!

A postagem de hoje teve contribuição da Rebeca Piñeiro, diretora e proprietária da primeira escola dedicada exclusivamente ao tribal no Brasil, a Escola Campo das Tribos e também organizadora do evento internacional anual Campo das Tribos. Ela contou como foi a experiência na Caravana Tribal na Bahia, evento que aconteceu no mês de julho organizado por Bela Saffe com a convidada Anasma (FRA). Bom, chega de introduções e vamos ao que interessa!

Caravana Tribal - Bahia

Tive a grande honra de participar da Caravana Tribal que aconteceu em Salvador - BA nos dias 06, 07 e 08 de julho de 2012, organizado por Bela Saffe e que trouxe pela primeira vez ao Brasil a dançarina francesa Anasma. Digo que foi uma honra por ter aprendido muitas coisas, ter participado intensamente dos bastidores do evento e ver tudo fluir com uma excelente energia e profissionalismo. Realmente me encantei e voltei com as baterias recarregadas e muitas coisas para estudar.

Sobre Anasma:
Tive excelentes momentos ao lado dessa mulher. Depois de conhecê-la pessoalmente pude entender e admirar um pouco mais as suas danças. É uma pessoa muito inteligente, simples, educada, e muito dedicada ao que faz. Tive a grande honra de conhecer essa pessoa linda e aprender com ela muitas coisas que foram além da dança. Conversando com ela, soube que nasceu em Paris, morou menos de um ano na Índia, alguns anos em Nova Iorque e hoje vive com seu marido em Paris. Anasma não nomeia seu estilo como Tribal Fusion pois não usa o ATS como sua base, apesar de conhecê-lo bem. Ela o chama simplesmente de "fusion" ou seja "fusão", e sua principal base é a dança do ventre que estudou por 10 anos. Seus conhecimentos são inúmeros e seu condicionamento físico é incrível. Anasma tem uma energia inesgotável e contagiante, é brincalhona, imita animais o tempo inteiro e isso é realmente agradável vindo dela, pois é muito natural, quando me dava conta eu estava imitando um macaco ou uma foca, uma alegria que contagia!

Como professora Anasma é ligada no 220w! Sua aula é bem puxada e lotada de informações. No começo senti dificuldade em seguí-la mas quando a aula terminou me dei conta do tanto de coisas que havia absorvido e que sim, Anasma é também uma ótima professora. Anasma também utiliza muitos movimentos de yoga em suas aulas, junto com movimentos de Liquid e Hip Hop. Achei bem difícil mas é lindo e desafiador. Detalharei mais sobre as aulas quando for falar sobre os workshops. :)

O evento começou na sexta-feira, dia 06 de julho, com dois workshops com duração de 1h15 cada:
Técnicas de ATS para Tribal Fusion com Rebeca Piñeiro (eu!) e Tribal Burlesco com Cibelle Souza. A sala de aula estava cheia e tivemos a participação especial do Nino (gato da Bela) que assistiu as aulas de sua almofada em frente ao espelho. A Tara Ateliê Tribal expôs seus lindos produtos nesse dia.

Nos dias seguintes, 07 e 08 de julho, tivemos aula com Anasma das 10h às 13h. Ela ensinou técnicas de Hip Hop, arm wave, air walk e mais um monte de movimentos lindos e (para mim) difíceis. Anasma os faz com tanta perfeição e leveza que minha vontade era de parar tudo, sentar e apenas assistí-la (confesso que em alguns momentos era o que realmente fazia). Para manter a energia da turma, Anasma soltava gritos, fazia sons de animais e o mais legal foi que todos entraram no clima e respondiam com os mesmos sons. Foi divertido!

O Show:

O show aconteceu no dia 07 no Teatro do Irdeb (Federação). Foi muito bem produzido, fluiu sem nenhum problema. O cenário estava muito bonito e a casa estava cheia. Tivemos apresentações de profissionais e amadores no mesmo show, foi muito bonito e diversificado. Foi uma experiência muito boa, o clima estava suave, positivo, baiano!

Solos da Anasma:

Vou puxar mais um pouco de sardinha para ela porque realmente foi INCRÍVEL o que essa mulher fez no palco. Sua primeira dança durou 15 minutos (que pareciam apenas 4). Dançou e fez mímica durante a apresentação. Sua expressão, seus músculos, suas culturas, seus estudos, tudo ali, tudo muito bem feito, muito estudado, muito intenso e admirável. Anasma é realmente uma artista de excelente qualidade. Sua segunda entrada foi mais curta mas tão boa quanto. Anasma fez o anjo caído do céu e seu personagem começa como um anjo (claro!) e começa a conhecer os pecados como gula, luxúria, ganância, vaidade, etc. Achei a idéia muito bem executada. Anasma é MIL vezes melhor quando se vê ao vivo.

Bela Saffe (realizadora):

A Bela é um ser humano muito lindo e excelente anfitriã. Só tenho elogios. Realizou o evento com muito profissionalismo, alegria, respeito e suavidade. Um exemplo a seguir.

Aprendi muito, me diverti muito e pude conhecer mais sobre Cibelle Souza, Bela Saffe, Anasma e Kelly (Tara Ateliê Tribal), pessoas que ganharam mais respeito e admiração da minha pessoa. Não vejo a hora de voltar para a Bahia e viver tudo isso novamente! Agradeço muito a Bela Saffe pelo convite para dar workshop e dançar no show, foi uma experiência muito linda e produtiva! Obrigada Mariana Quadros pelo convite para este post em seu blog que tanto sigo!

Muitas coisas andam acontecendo no mundo tribal e acho de extrema importância valorizarmos as coisas boas como esse evento, realizado e frequentado por gente que estuda e respeita a arte, os seres humanos e as diferenças.

Hum... Já sinto vontade de comer um acarajé! :)

Rebeca Piñeiro

                             Imagens do show por Fernando Naiberg
Rebeca Piñeiro
Bella Saffe
Cibelle Souza
                                                                Anasma Vuong

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Bê-a-bá do Tribal Pt.2


Aí vai a segunda e última parte do post!

*ITS - Improvisational Tribal Style (ou estilo tribal de improvisação)

O ITS é um derivado do ATS, e indica simplesmente que um grupo utiliza o sistema de improvisação coordenada em grupo do ATS/ FCBD, porém com repertório de movimentos que vai além, ou até mesmo em direções diferentes do utilizado no ATS. Mesmo sistema de improvisação, repertório de movimentos diferente. Um dos principais exemplos de grupo de ITS que eu conheço é o californiano "Unmata". Elas além de coreografia, trabalham o sistema de improvisação coordenada em grupo por meio de combos.

Unmata - ITS

* Tribal Fusion -
Acredito que esse estilo foi o principal responsável pela propagação mundial do tribal. Ele surgiu quando bailarinas do ATS foram saindo para criar suas próprias estilizações e acrescentar ainda mais fusões ao caldeirão de influências. Não existe uma ordem certa de quem iniciou esse movimento, pois na época não havia nem pretensão e nem consciência de que isso tomaria proporções tão grandes. Apenas aconteceu que, algumas bailarinas/ alunas de Carolena, quiseram se aventurar em suas próprias experiências, dando vazão à criatividade e fazendo uma fusão em cima da fusão. Daí o nome "Tribal Fusion": é o "tribal" do ATS acrescido de fusões do que a imaginação permitir, seja de origem oriental ou ocidental, antiga ou moderna. Algumas das bailarinas apontadas como pioneiras do Tribal Fusion e que estavam na cena desde o começo foram Frederique e Jill Parker, entre outras. Ao contrário do que se imagina, Rachel Brice chegou bem depois na cena, que acontecia quase que exclusivamente na região da baía de São Francisco, CA. Como o Tribal Fusion não tinha um formato específico como o ATS, bailarinas solo surgiram, até que o grupo internacional Belly Dance Superstars incluiu o estilo - até então relativamente novo para o mundo - no show, com a contratação de Rachel Brice. Por fazer turnês mundiais e produzir cds e dvds de alcance internacional, o Belly Dance Superstars lançou o tribal para o mundo, e as bailarinas do grupo, como Rachel Brice, Sharon Kihara e Mardi Love viraram referência instantânea do estilo.

Sharon Kihara - Tribal Fusion

Urban Tribal - Grupo de Tribal Fusion/ Contemporâneo

Do Tribal Fusion, surgiram e ainda surgem muitos sub-gêneros como o Dark Fusion, praticado pela Ariellah, o Tribal Brasil, praticado por várias bailarinas brasileiras que misturam ao Tribal Fusion influências de danças regionais brasileiras, o Tribal Gótico, o tribal com fusão de dança contemporânea, como os grupos Urban Tribal e Uzumé, e assim por diante. Muitas bailarinas criam nomes para seus estilos de tribal, daí vão se criando cada vez mais sub-gêneros... Mas o importante é saber que todos eles vêm da mesma raiz, e são apenas mais um pequeno desdobramento da grande e constante evolução que é o estilo tribal!


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Bê-a-bá do Tribal Pt.1


Com tantos estilos e rótulos é bem fácil confundir-se com as nomenclaturas no tribal! Por isso, coloco aqui os principais nomes que encontramos quando estudamos tribal. Por ser um assunto extenso, vou dividir esse post em duas partes, uma em cada semana. Esta é a primeira:

* Tribal - Genérico assim, sem nenhuma especificação, geralmente faz referência ao Tribal Fusion ou ATS, mas também pode significar uma dessas duas modalidades:

1) Danças de tribos de qualquer parte do mundo;

2) O estilo tribal "original", criado pela Jamila Salimpour e sua trupe Bal Anat nos anos 60, na Califórnia. Caracteriza-se por diversas danças árabes misturadas em um show. Trabalho em grupo e solo, uso de snujs, uso de coreografia e danças folclóricas com um "tchan". Porém, deve-se observar que esse estilo de "tribal" não era assim chamado na época, como escrevi nesse post antigo. De qualquer forma, foi o estilo que deu início ao movimento tribal que temos hoje em dia, pois Jamila deu aulas para Masha Archer, que deu aulas para Carolena Nericcio, que criou o "American Tribal Style", ou "ATS". 

Vídeo do Bal Anat:



*American Tribal Style, ou ATS - 


Esse foi o estilo que surgiu dando início a um movimento, por assim dizer. O ATS nasceu no final dos anos 80 em São Francisco, CA. Quando a trupe de Masha Archer, chamada "San Francisco Classic Dance Troupe", se desfez, Carolena começou a dar aulas para que tivesse parceiras com quem dançar. Suas aulas tornaram-se populares entre as pessoas mais alternativas que queriam fazer dança do ventre mas não se encaixavam nos padrões estéticos ditados pela dança na época. Da sementinha deixada por Masha, Carolena fez uma plantação, e criou o estilo que veio a ser chamado de "ATS". Segundo ela, o "American" do título deixava claro que era uma criação americana, e portanto não oriental, e o "Tribal" descrevia a sensação e estética da dança, com mulheres dançando reunidas, em "tribo", e com uma mistura de trajes autênticos de diversas partes do mundo. O ATS é um estilo de improvisação coordenada em grupo em que, com base em um repertório comum a todas as bailarinas do estilo, cria-se uma dança improvisada por meio de sinais, chamados de "cues". Para dançar ATS precisa-se no mínimo de duas pessoas, e o repertório de movimentos vem principalmente da dança do ventre, mas também tem forte influência do flamenco nos braços e postura, e pitadas de danças folclóricas do Oriente Médio e danças clássicas indianas. O principal exponente do ATS é o grupo da própria Carolena, chamado FatChance BellyDance (FCBD). Para mais informações, acesse o site do FCBD.


Vídeo do FCBD:



Segunda-feira que vem, a continuação do "Bê-a-bá do Tribal":)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Retrospectiva Tribal 2011

Quase acabando o ano, quis relembrar os eventos de tribal de que participei em 2011, e o que teve de mais legal em cada um!

O primeiro foi o Campo das Tribos, em maio, organizado pela Rebeca Piñeiro em São Paulo. O Campo está indo para sua quarta edição em 2012, até então era um evento exclusivamente com bailarinas brasileiras de todo o país, feito por quem é do tribal e para quem é do tribal. Acho que essa é a parte mais legal do Campo, é um evento que abrange as variedades de tribal e dá espaço para todo mundo mostrar seu trabalho nas mostras, independente do estilo. O que importa é ser tribal! E participando esse ano foi exatamente o que eu senti, inclusão e ATS, Tribal Brasil, ITS, Tribal Fusion, Dark, tudo convivendo em harmonia! Em São Paulo é o único evento exclusivamente de tribal que reúne várias professoras e estilos em um só lugar. O Campo também tem workshops, e em 2012 terá a linda presença da Frèderiquè, uma das pioneiras no Tribal Fusion (e das minhas bailarinas preferidas) pela primeira vez no Brasil, junto com a Kilma Farias e comigo em works e show. Mal posso esperar! :D

Mas, como é hora de olhar para trás e não para frente, volto ao segundo evento de que participei esse ano, o Tribes Brasil, com a presença da Ariellah. O Tribes aconteceu em junho e foi organizado pela Nadja El Baladi e pela Jhade Sharif no Rio de Janeiro. O Tribes é outro evento que eu curto muito, participei em 2009 e novamente esse ano. O local é super especial, um colégião antigo e lindo com direito a um teatro igualmente lindo. O evento esse ano foi mais voltado para a estética Dark Fusion da Ariellah no espetáculo e nos works. Mas o que mais me chamou atenção foi o teor dos workshops da Ariellah, todos com muita ênfase em expressão e aspectos mais conceituais da dança, incluindo várias partes teóricas e espaço para troca de idéias. Já havia feito outros workshops com ela, no Tribal Fest 08 na Califórnia e aqui no Brasil no Encontro Internacional Bele Fusco, e embora aqui no Brasil ela tenha dado um work praticamente todo teórico, todos os demais foram bem técnicos. Outra ênfase dela foi na importância do estudo de ballet e outras danças na formação de uma bailarina que sabe utilizar espaços, padrões de pés, giros e tudo que faz parte de qualquer estilo de dança. Ou seja, a era das bailarinas de tribal que só ficam plantadas no palco fazendo carão está definitivamente terminada! rsrsrs

O evento seguinte de que participei esse ano foi o já tradicional Encontro Internacional Bele Fusco, com a presença da bailarina de DV Sonia Ochoa e da tribal Kami Liddle em setembro. A surpresa foi o enfoque nas fusões justamente por parte da Sonia, que deu nos workshops fusões latina e indiana, além de técnicas para dançar solos de derbak. Ela é uma bailarina de elegância e leveza notáveis, e como professora e pessoa, super doce e acessível. A Kami focou mais em técnicas elaboradas que se tornaram sua marca registrada, com sobreposição dos movimentos (layering) e uso dos braços com fluidez, além de sequências coreográficas. Achei todo o trabalho dela de leitura musical e composição dos movimentos incrivelmente sofisticado e peculiar; já havia feito um work com ela no Tribal Fest 08 mas com tanta gente e tão pouco tempo de aula, mal pude sentir como era seu estilo. Dessa vez com mais contato pude perceber todo detalhe e cuidado na elaboração da dança. Achei inspirador!

O último evento da minha pequena maratona desse ano foi o Shaman's Fest em setembro com a Mira Betz em Rio Claro, organizado pela Paula Braz e pela Cia Xamã. Esse evento foi bem único e especial. Novamente, o destaque foram as aulas mega conceituais da Mira. Nunca havia estudado com ela, e exatamente como todo mundo diz, ela é uma professora excelente. Mira não te ensina passos. Ela te ensina a criar passos. Mira não te ensina como dançar tribal, ela te ensina o que é tribal. Ela te ensina técnicas, como sustentar sua postura, como manter seu corpo seguro dançando. Além disso, muitos treinos com técnicas teatrais, muita teoria, muita conversa. Muito bom. No meio do mato então, foi uma lavada na alma essa imersão. Muito espaço para reflexões e questionamentos sobre seus caminhos na dança. 

Para mim, o que ficou mais marcado nos eventos nacionais e internacionais desse ano foi o fim das ditaduras de estilo, de receber pronto, de copiar. Já pensava e pregava essas  questões há um bom tempo, mas foi um belo reforço e uma bela mostra de todas as ferramentas que podemos utilizar para colocar  essas questões em prática. O tribal está mudando, ganhando cada vez mais espaço e respeito como uma dança legítima, como uma forma de arte legítima. E cabe a nós, bailarinas e estudantes, a responsabilidade de mantê-lo bonito e florindo cada vez mais!

Tenham um lindo 2012 com muita dança e alimento para alma! :D



*Em janeiro, pequeno preview dos eventos de 2012!


terça-feira, 12 de julho de 2011

The Lady Fred

Estou para postar essa tradução há décadas, e finalmente terminei! Entrevista feita com a bailarina Frédérique sobre a relação (ou falta de! rs) do estilo dela com o burlesco, achei muito legal e esclarecedora por isso quis compartilhar. A original está no site dela pra quem quiser visitar tem muito mais coisas lá também. Seguido da entrevista o vídeo mais recente dela no Tribal Massive, do qual sou suspeita para falar já que sou super fã dela. A expressividade e sutileza de movimento dela me interessam extremamente! Espero que gostem!

Entrevista da "Russian Magazine" 
Por: Nadia Gativa
Qual a diferença do seu estilo para o burlesco e porque as pessoas os confundem?

Para ser sincera, eu não faço idéia do motivo da confusão! Eu acho curioso as pessoas se referirem ao meu estilo como burlesco, meu estilo não é nem um pouco sugestivo. Talvez minha presença teatral no palco seja o motivo da associação, pois o burlesco também é muito teatral, mais ainda que minhas performaces. Outra razão poderia ser que eu me apresento com frequência em eventos de burlesco (?) Talvez as pessoas se confundam e acreditam que eu estou dançando burlesco no evento em vez de saberem que represento um outro estilo, uma variedade do show, com a dança do ventre. Esses são meus palpites... Uma vez fui entrevistada para um artigo na Oakland Magazine e a escritora colocou no título principal que eu era uma bellydancer voluptuosa e sensual com toques gótico e burlesco (ou algo do gênero); reparem que essas palavras não foram de modo algum as que eu utilizei para descrever a mim ou ao meu estilo mas, por alguma razão, continuo encontrando pessoas que supõem isso do meu estilo; talvez seja também por causa dos meus trajes (?) Não só eu nunca fiz aulas de burlesco ou tentei apresentá-lo como também nunca quis retratar nenhum interesse nele em minhas performances, simplesmente não faz parte de mim em relação ao que eu levo para o palco. Não confunda o que eu disse com não gostar de burlesco, eu gosto bastante, apenas não faço!

Você acredita que é possível fazer uma boa fusão de tribal e burlesco, mesmo com o burlesco sendo tão sugestivo às vezes?
Com certeza acredito. Eu não acredito na “caixa” em que algumas pessoas gostam de colocar outras, especialmente quando se trata de arte e expressão. Está tudo nos olhos de quem vê, alguns podem gostar, outros não. É assim que o mundo funciona. Eu acredito que se você tem uma visão, não deve haver nada no caminho que lhe impeça de expressá-la… É uma chance que você aproveita na vida e um arrependimento, creio eu, se você não aproveita. Tudo é possível quando se trata de Arte. 

Qual motivo de tanto interesse em relação a tudo que é retrô, como vaudeville, burlesco e cabaret?
O vaudeville vintage, os movimentos burlesco e/ou cabaret estão relacionados à moda e ao estilo hoje em dia. A comunidade do Tribal Fusion gira em torno dos estilos de vanguarda, já que esse foi o ímpeto para seu surgimento; é jovem em espírito, e com um espírito jovem vem uma mente jovem que gravita em direção às coisas estilosas e modernas.  Fazendo um parelelo entre a história e a evolução dessas tendências do final de 1800 com o movimento Tribal Fusion atual, ambos combinam muito bem.
Por exemplo:
·      Essas performances eram todas realizadas por mulheres a princípio.
·      Dança do ventre, burlesco e vaudeville eram segmentados como shows de variedades e considerados como entretenimento de segunda classe para a sociedade (infelizmente).
·      Performers populares no palco do vaudeville faziam suas interpretações de “dança do ventre”. Esse tipo de performance não era incomum e aponta para raízes de vaudeville nas primeiras formas do burlesco.
·      Uma dançarina do ventre, embora flerte com o sugestivo, está longe de violar qualquer padrão aceito de decência no palco do vaudeville.
Esses são apenas alguns dos motivos fortes pelos quais esses movimentos encontram tanto terreno fértil especialmente na comunidade do Tribal Fusion.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Novos Projetos!

Não costumo fazer divulgação de eventos por aqui mas estou com esses dois novos cursos e estou super empolgada com o conteúdo deles!

O primeiro é um curso de curta duração no estúdio da Elis Pinheiro, bailarina que sou fã (:D) em São Paulo. O conteúdo será "Tribal aplicado à Dança do Ventre" e o curso se inicia no dia 11 abril e tem término no dia 27 de junho. Estou planejando muitas coisas legais pra esse curso! Bailarinas de tribal são bem-vindas, e podem esperar um conteúdo com foco maior na técnica, musicalidade e qualidade de performance! Informações completas com a Elis no email: elispinheiro.estudio@gmail.com.




































O segundo é um workshop de ATS em São Paulo, o primeiro em sampa desde que tirei o certificado de professora e o Sister Studio do Fat Chance. Estou empolgada pra começar a espalhar mais ainda esse estilo, tenho me divertido pencas desde que comecei a ensiná-lo em aulas! :D Vai ser num espaço super lindo na Vila Madalena! Informações no meu email: nanaquadros@hotmail.com. Espero vocês!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Autodidatismo, profissionalização e afins


Trago hoje um assunto que me intriga bastante no estilo tribal. Porque cargas d'água algumas pessoas parecem achar que podem tornar-se profissionais de tribal sem sequer ter feito aulas no estilo? Ok, tem gente que acha que tribal é só dança do ventre metida a besta. Portanto, se a pessoa em questão fez aulas de dança do ventre, acredita que pode sair dançando tribal e dando aulas, afinal, é só estilizar um pouquinho né? Porque então tantas pessoas juntam seus trocados para fazer workshops com as tribais que vêm de fora, ou mais ainda, indo para fora para fazer aula, ou mesmo fazendo aula com as profissionais realmente  especializadas daqui do Brasil? Mera perda de tempo né?

O que acaba acontecendo é o que todos já viram: perda na qualidade e moral do tribal pelo Brasil afora. Juro que escapa ao meu poder de compreensão como pessoas que não fizeram sequer uma aula ou um workshop de tribal podem ser "profissionais" no estilo. No tribal, mais do que em outras danças, parece existir também um número enorme de autodidatas coisa que para mim, sinceramente, é história da carochinha. Aprendeu com dvd e nunca teve ninguém para te corrigir? Primeiro, você não é autodidata porque tinha alguma profissional te ensinando, ainda que por dvd. Segundo, as chances da sua execução técnica ser incorreta e cheia de vícios são grandes, sem ninguém para apontar o que você está fazendo de certo ou de errado. Os dvds são uma ferramenta de estudo realmente excelente quando bem utilizados. O ideal é sempre ter alguém capacitado para dar uma força e verificar se a sua execução está correta, especialmente quando se está em início de aprendizado. De qualquer forma, os dvds devem ser sempre uma complementação ao seu estudo e nunca sua fonte principal. 

O tribal possui técnicas específicas - como qualquer outra dança - que constituem a base do estilo. Uma vez que essas técnicas passam a fazer parte da sua memória muscular, você pode inventar sua própria interpretação para ele. Uma boa profissional deve ser capaz de te dar essa base para que depois você saia "inventando" à sua maneira. Percebo que cada vez mais existem bons profissionais surgindo no Brasil. Mas, como não poderia deixar de ser, os maus profissionais continuarão existindo. Por isso, cabe a nós, profissionais, admiradores e estudantes, manter os olhos abertos e não dar moral para quem não é sério. E lembrar que para se profissionalizar em qualquer dança é SEMPRE necessário ter currículo ou formação específica ;)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mitos do Tribal

Estou voltando agora depois de um tempo afastada por conta de viagens e projetos novos (depois conto sobre isso!) mas estava com saudade daqui!:) Vou começar transferindo tudo do blog do meu Multiply pra cá, pois vou fechar a conta por lá. Não dá pra manter 300 redes sociais ao mesmo tempo, e por enquanto minha prioridade é o blog! Começo por um texto que já tem divulgado em alguns lugares, mas não aqui ainda, por isso aí vai!


Mitos do Tribal -


Alguns mitos que circulam os meios do tribal no Brasil:

1) Pra dançar tribal tem que fazer carão.

No estilo tribal original, o ATS, as dançarinas simplesmente expressam o que quer que seja que estão sentindo. Se estão felizes, vão sorrir. Se é uma música que inspira uma expressão mais séria, vão ficar de acordo. A interpretação do tribal fusion com "carão fechado" foi a de um grupo (contingente tribal do BDSS), em uma época (2005 senão me engano), que já até passou. Mas por ser provavelmente o material mais famoso de tribal de que temos notícia, tem muita gente que ainda acha que pra dançar tribal tem que fechar a cara. Nada a ver. Muito pelo contrário, é uma dança muito abrangente em termos de expressão.

2) O Tribal foi criado pela Jamila Salimpour (ou pela Masha Archer).

Esse circula não só pelo Brasil, mas também pelo exterior. O grupo da Jamila Salimpour, o Bal Anat, não era e nunca foi intitulado como tribal, nem por ela nem por ninguém. Era simplesmente um grupo que, nos anos 60 se não me engano, reproduzia e fantasiava em cima de estilos tradicionais de danças orientais em feiras pelos EUA afora. Aí, a Jamila Salimpour teve como uma de suas alunas a Masha Archer, que trouxe alguns dos conceitos que serviram como base para Carolena Nericcio, sua aluna, criar aí sim o "Estilo Tribal". Entre alguns desses conceitos que Masha difundia estavam o uso das pernas cobertas, a cabeça envolta em turbantes, a dança em grupo improvisada e as formações em grupo apropriadas para serem vistas de uma longa distância, como em um palco. Carolena, por ser aluna da Masha, já tinha essas idéias em mente quando começou a dar aula para seu pequeno grupo de alunas, mas reparem que nada disso ainda tinha o nome de "tribal". Era só a interpretação delas da dança oriental. Na verdade, a Carolena no começo nem sabia que esse "estilo" delas era diferente dos demais. Mais tarde, quando elas começaram a aprimorar essas idéias, foi que alguém sugeriu que elas dessem um novo nome para o que estavam criando, e foi aí que surgiu
o título propriamente dito de "Tribal" ou, mais especificamente "American Tribal Style", conhecido pela sigla "ATS". A mãe do tribal é a Carolena Nericcio, não existia "tribal" antes dela.

3) Para fazer tribal fusion tem que saber fazer ondulações e peripécias abdominais, basta estudar os vídeos da Rachel Brice.

O Tribal Fusion é uma derivação do ATS. As principais características do ATS são (não listados em ordem de importância):

1. Os trajes ricos e que valorizam as qualidades femininas e da dança sem expor excessivamente o corpo;

2. A postura orgulhosa e o trabalho de braços e mãos com influência do flamenco;

3. A improvisação coordenada em grupo;

4. A atitude com que as dançarinas entram no palco, sua postura é de dançar para se divertir e não necessariamente para o público numa atitude de flerte ou "conquista";

5. Um senso de ligação com a terra e a natureza, os movimentos e trajes favorecem uma imagem menos "leve" e mais "tribal". Usa-se pouco a meia ponta, tecidos e trajes leves e sintéticos abrem lugar para mais "pesados" e naturais;

6. Um vocabulário de passos fechado e pré-estabelecido previamente ensaiado e comum a todas as dançarinas do estilo, salvo com pequenas diferenças entre um grupo e outro.

O Tribal Fusion se utiliza de alguns desses aspectos do ATS para criar uma dança nova. Portanto, o TRIBAL fusion, como o próprio nome já diz é a mistura do TRIBAL (ATS) com alguma outra coisa. Se não tiver NADA a ver com ATS, então não é TRIBAL fusion, simplesmente FUSION. Uma dançarina de tribal fusion, deve tomar do ATS, necessariamente, a postura, por ser uma das características mais marcantes do estilo. Tem que conhecer, mesmo que depois não utilize, uma parte desse vocabulário do ATS, senão não tem porque se chamar de tribal, entendem onde quero chegar?

TODAS as bailarinas de tribal fusion que conhecemos e amamos, por mais que algumas (como a Zoe por exemplo) não tenham estudado profundamente o ATS, tem familiridade com o estilo, conhecem e praticam a postura e a filosofia geral do troço...senão não tem por onde ser tribal! Um traje não faz de você tribal, nem uma música. O que faz de você tribal é saber de onde veio, estudo, ralar! Como em qualquer outra dança....um tutu não faz de ninguém uma bailarina...

4) Qualquer fusão de dança do ventre é tribal.

Meio que batendo na tecla do último mito, mas vamos lá. Ao contrário do que muita gente pensa, a Tempest, por exemplo, não é do tribal. Ela á gothic Bellydance, fusão de dança do ventre com estilo gótico. Nada de tribal, nem postura, nem trajes. É diferente, mas não é tribal. É fusão, mas não é tribal! Outro exemplo, se vocês procurarem vídeos da Anasma no youtube. Ela faz umas fusões com elementos teatrais, de hip hop, coisa fina. Novamente, é fusão, mas não tribal! Da próxima vez que assistirem um vídeo da sua bailarina preferida, tentem identificar onde está o tribal no “tribal fusion” dela. Com certeza vão achar! Quando não acharem, provavelmente, é porque não existe em nada além do nome! Não há nada de errado com isso apenas, vamos dar o nome certo pro estilo que a gente se propõe a representar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A música para Tribal Fusion

Ouço muita gente reclamar que acha difícil encontrar músicas pra dançar, e ás vezes me perguntam como achar músicas novas para se apresentarem. A verdade é que fazemos parte de um estilo de dança que é dos mais democráticos em termos de escolha de tudo, inclusive musical. Não tem nenhuma razão no mundo para dançarmos sempre as mesmas músicas, a não ser que essa seja a sua preferência pessoal.

O que eu costumo dizer é que o critério para essas escolhas deve ser sempre o coração. Escolha músicas que você ama, que te tocam de alguma forma. Procure entre as músicas que você costuma ouvir normalmente, fora do âmbito da dança. Muitas vezes tem verdadeiras pérolas só esperando para serem dançadas! Não se preocupe se alguém já dançou ou não aquele estilo musical, se vão achar que é estranho você dançar aquilo. Nosso estilo é estranho! O importante é escolher músicas com as quais você sinta uma ligação, e não somente as músicas que você acha que servirão bem pra sua apresentação. Tem que ter um algo mais. Se a música que mexe com você é daquelas "baciadas" que todo mundo já dançou, também não precisa se preocupar! Se ela realmente te toca, você certamente achará uma maneira diferente de interpretá-la, pois ninguém sente as coisas exatamente do jeito que você sente.

Porém, existem alguns cuidados a serem tomados na escolha da música. Primeiro, se a música tiver letra, saiba sobre o que fala e preste atenção se o que é falado combina com a sua intenção ao dançar. Geralmente a letra da música ajuda bastante a dar o tom da apresentação, você pode até brincar com algumas coisas faladas na letra enquanto dança, contanto que não vire mímica! Voltando a questão de conhecer a letra, mesmo que ela seja em outro idioma, com a internet e os youtubes da vida nunca se sabe quem vai assistir o nosso vídeo. Por isso, todo cuidado é pouco com músicas cantadas!

Fora esse cuidado com as letras, também devemos tomar cuidado com o lugar em que vamos dançar na hora de escolher a música. Talvez não seja uma boa idéia escolher uma música muito maluca, por exemplo, pra dançar em um local onde o público seja totalmente leigo em tribal. Melhor guardar as experiências mais ousadas para um público que seja mais amistoso, como por exemplo pessoas que já sejam da área da dança ou amigos que tem mais condições de entender o que você está fazendo.

Fora isso, realmente o céu é o limite na escolha musical. Bom senso e bom gosto também ajudam bastante nessa hora! Deixo aqui alguns vídeos com escolhas musicais nada óbvias! Embora o primeiro não seja de tribal, acho que ilustra bem esse tópico!

Petite Jamilla dançando uma música do Counting Crows, uma das minhas bandas preferidas de todos os tempos! Ficou meio hipnótico, se não fosse pela pentelha fazendo lililili altão várias vezes! *_*


Aqui eu dançando uma música de outra banda das preferidas, Arctic Monkeys. Essa foi escolhida meio sem querer, quando fui ver já estava dançando! Acho que ela que me escolheu! ;) Ah, e só pra constar, não considero esse momento como um dos meus mais tribais, muito pelo contrário. Mas tá no fusion então tá valendo! rs

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Review - Serpentine

Serpentine é o muito aguardado DVD novo da Rachel Brice. Ganhei de aniversário de uma amiga querida junto com uma camiseta chique e oficial da Rachel, nessa foto - "Bitter Oriental" é um nome que a Rachel gosta de usar para se referir ao tribal, algo como "oriental amargo". Li no novo blog dela, que achei pelo blog da Marília.  

Primeiro DVD

O dvd é duplo e tem 4 horas de duração, 2 horas pra cada disco, tem que ter muito apetite pra fazer numa tacada só!

Ela começa com uma revisão nos 10 pontos principais de uma boa postura de dança, o que eu achei bem interessante pois a postura que ela usa normalmente é muito mais erguida do que a que eu costumo usar. Ao que me parece, ela faz algum uso das costelas, coisa que sempre achei ser um "não" com letras garrafais no beabá da postura...Vivendo e aprendendo!

O dvd é muito bem organizado, as instruções são claras, a locação e iluminação são agradáveis e o dvd todo é super bem produzido, muio mais do que os anteriores dela.

Yoga

Como não poderia deixar de ser, depois da explicação sobre postura tem uma prática de yoga de uns 30 minutos, começando com respiração (que achei ser dispensável num dvd de dança). A prática é bem estruturada e vão aparecendo os nomes das posturas na tela, o que ajuda bastante pra quem não tem familiaridade com elas. O que mais me impressionou aqui é ver a força que essa mulher tem executando as posturas, como se não exigissem nenhum esforço! Mas, uma coisa que devemos lembrar é que a Rachel é uma yogue experiente, e nem tudo que é bom pra ela será bom para todos na prática. Algumas posturas podem ser muito fortes para algumas pessoas. É importante lembrar disso quando se faz qualquer aula - que nem todos precisam fazer tudo do jeito que o professor faz.

Fortalecimento para as pernas e Treinos

Aqui ela mistura padrões de movimentos de pés clássicos da dança do ventre em forma de treinos para fortalecer as pernas. Gostei de ver uma variação do camelwalk (movimento de ATS). Mas dá pra perceber claramente a influência da dança do ventre "old school", cabaret, nos movimentos e até no visual dela. Ela vai acrescentando elementos que formam pequenos combos. Seria legal se ela fizesse essa parte de costas para a camêra e de frente pra um espelho (a pessoa aqui com problema de lateralidade se perdeu inteira em algumas viradas!). Ela não explica a técnica dos movimentos básicos, portanto quem quiser essa parte é melhor buscar no primeiro dvd dela, o "Tribal Fusion Belly Dance".

Treinos de Isolamento

Aqui é mais divertido ver a Rachel menos séria, mais parecida com o jeito dela nos palcos atualmente. Até então ela estava uma seriedade só no dvd! Ela vai passando isolamentos diversos e misturando com padrões de andadas. Estão inclusos ombros, duas técnicas diferentes de ondulação, torso, busto, redondos de quadril, etc. É quase como se estivéssemos nos bastidores da dança, vê-la sem a parafernália dos trajes e ainda assim com um magnestismo absurdo, quase hipnotizante quando faz os movimentos. Só prova que ela não precisa de tudo aquilo pra ser incrível!

Treinos de Shimmi

Não é explicada nenhuma técnica de shimmi. Ela sobrepõe o shimmi solto com braços, busto, ombros, ondulações, outros movimentos de quadril e pés. O bom aqui é que dá pra entender algumas sobreposições que não conseguimos durante as apresentações, já que ela faz de forma mais clara pra gente acompanhar. Bem bacana pra quem já faz shimmi sem maiores problemas e está buscando padrões diferentes pra sobrepor.

No final, tem outra prática compridinha de yoga pra finalizar e acalmar - uns 20 minutos. Ela também dá sugestões de como combinar os treinos do dvd para quando você tem mais tempo ou menos tempo, super útil.

Segundo DVD

No segundo dvd, ela passa duas coreografias, uma lenta e uma rápida, ambas com aquela pegada balkan que tem caracterizado o trabalho do Indigo nos últimos anos.

Novamente ela não explica básicos de técnica nenhuma, mas usa algumas das técnicas trabalhadas nos treinos do dvd anterior. Ela faz tudo de costas pra câmera e de frente pro espelho, o que é ótimo! Dá bastante tempo pra treinar os combos, primeiro em outra música sem ser a da coreografia e depois na música da coreografia.

O que eu realmente gostaria de ver seria explicações sobre o porquê das escolhas dos movimentos, da leitura musical, enfim, explicações que ultrapassassem o âmbito das técnicas nas coreografias. Acho que não falar sobre isso faz parte do estilo dela, nos dois works que fiz e nos works que minha amiga fez esse ano, ela nunca se prendeu muito a explicações pessoais desse tipo. Sinto falta dessas coisas quando estudo com alguém.

Uma coisa bacana do dvd é uma mini aula sobre cambret, ou backbends como eles chamam. Ela explica que você precisa subir para descer, em vez de "dobrar" para descer, como muitas vezes vemos as pessoas fazerem. Mais uma vez é impressionate vê-la falar enquanto demonstra a técnica como se não fosse nada difícil! rsrs Tem também uma sessão de yoga voltada para os backbends (ou retroflexões), algumas explicações sobre os básicos da teoria musical, padrões de pés e de braços, respiração na yoga e duas performances completas com figurino, além da demonstração das duas coreografias com figurino também. Uma das performances é com a mesma música da coreografia que ela ensina, só que com movimentos diferentes e provavelmente de improviso, que já é marca da Rachel. Bom pra ver duas maneiras de fazer a leitura da mesma música.

Conclusão: esse dvd tem tudo (ou quase tudo)! Basicamente, é o mais próximo que se pode chegar de uma aula da Rachel sem fazer uma aula com a Rachel. Com certeza o dvd é mais voltado pra quem já sabe o básico e está buscando avançar e praticar. Mas, o que eu acho mais legal de tudo é ver que não existe fórmula mágica para o sucesso. A Rachel definitivamente honra sua tattoo, um sutra da yoga que diz: "A prática se firma depois de ter sido cultivada adequadamente e initerruptamente por muito tempo". Isso é visível em cada movimento que ela demonstra. O nível de execução que ela alcançou na técnica é impressionante e inigualável,  misto de um talento natural com muito treino e muito esforço. É bem claro que não tem nada a ver com sorte ela ter chego aonde chegou. E isso eu acho bastante inspirador.


segunda-feira, 22 de março de 2010

O Estilo Tribal


Depois de um um pequeno sumiço, por conta de fazer mais o que tenho que fazer e passar menos tempo enrolando na internet, vai um textinho que já tinha pronto só para manter o fluxo! Me comprometi a atualizar ao menos semanalmente, então não pretendo mais deixar esses mega hiatos entre uma postagem e outra! :) Espero que gostem! (não sei de quem é essa gravura mas dá uma ótima inspiração para uma cabeça tribal!)

  "Tribal é um termo abrangente que inclui as modalidades ou estilos aos quais me refiro no presente contexto: o ATS e o Tribal Fusion. O ATS (American Tribal Style) foi criado no final dos anos 80 em São Francisco, CA por Carolena Nericcio, diretora do FatChance BellyDance (FCBD). É caracterizado pela improvisação coordenada em grupo por meio de gestos e de um repertório em comum, trajes visualmente ricos com aparência folclórica e postura orgulhosa, trazida do flamenco.
  O Tribal Fusion surgiu algum tempo depois, quando dançarinas do FatChance começaram a deixar o grupo e dar vazão às suas próprias idéias, acrescentando novas influências e abrindo o leque de possibilidades a partir do estilo original. Algumas dessas mudanças foram o uso de músicas ocidentais modernas (no ATS usa-se basicamente música folclórica egípcia), a simplificação dos trajes e o uso de coreografia. Jill Parker, ex-membro do FCBD e diretora do Ultra Gypsy, é apontada por muitos como pioneira desse estilo.
  Hoje em dia, Tribal Fusion tornou-se um termo utilizado para designar as diversas manifestações no tribal. Diferentemente do ATS, o Tribal Fusion ainda não possui regras firmemente estabelecidas, é um estilo novo em desenvolvimento que pode ter tantas vertentes quanto praticantes. No entanto, não devemos confundir qualquer fusão na dança do ventre com Tribal Fusion. O Tribal Fusion é uma derivação do ATS, portanto possui algumas características que são inerentes a ele. A princípio, é uma fusão de ATS com outra coisa. Portanto, o ATS deve se fazer presente de uma forma ou de outra. Devo ressaltar também que o ATS é, caracteristicamente, um estilo de fusão — com base na dança do ventre, mistura elementos de outras danças orientais e do flamenco. Quanto ao Tribal Fusion, algumas das influências bastante populares atualmente são o break dance, a dança contemporânea, as danças clássicas indianas e, mais recentemente, fusões com danças e músicas dos Balkans (ciganos do leste europeu) e temas remetentes ao Vaudeville, com estética e músicas vintage variados. Como podemos ver as possibilidades para expressão pessoal são imensas. Então, mãos à obra e divirta-se!"

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Tribal na América Latina


Quem me enviou esse texto foi a Ana Harff, tribalesca brasileira morando em Buenos Aires. Bem bacana o texto dela sobre como andam as coisas tribais lá por aqueles lados! Continue mandando notícias:) E que o tribal domine o mundo!:D

"E nossas hermanas latinas?

Faz poucos meses que eu me mudei de Natal para viver em Buenos Aires. A idéia era partir para algum lugar que me desse mais oportunidades artísticas, mais chances de estar em contato não apenas com vários estilos de dança, mas também artes plásticas, música, moda e tudo que pudesse fazer minha imaginação ferver.

Decidi pela capital argentina principalmente pela questão faculdade, onde começarei a cursar este ano a graduação em Artes. Com certeza não teria condições financeiras de me mandar pra São Paulo, por exemplo, então decidi ir mais ao sul. Meu receio antes de ir era se eu iria conseguir continuar com o tribal, pois nunca tinha ouvido falar das tribalistas argentinas. Decidi ir assim mesmo, e, no caminho, quem sabe fazer aulas de DV com Saida e continuar com o tribal em casa, pois a maioria das coisas que aprendemos no tribal realmente descobrimos pela internet, seja conversando umas com as outras em comunidades ou fazendo downloads de vídeos.

E em uma dessas pesquisas pela internet acabei descobrindo não só as tribalistas que atuam em Buenos Aires e em algumas cidades do interior, como em muitos países da América Latina. E uma coisa que me impressionou foi que eu percebi que todas essas bailarinas de países como Peru, México, Argentina, Chile, etc., não apenas se conhecem e reconhecem o trabalho das outras, como prestigiam com sua presença. Ou seja, é como uma grande comunidade tribal, sem a barreira de estar em outros países. Sempre que há um grande festival de tribal em um dos países, por exemplo, as outras fazem caravanas pra irem. Soa como se elas estivessem apenas em estados diferentes, não em países diferentes.

Sinto muito isso aqui na Argentina, que não existe distancia entre eu e outras pessoas de quase todos os países latinos, você sempre esta em contato com um estrangeiro e é tão normal quanto ir ao supermercado. Isso parece acontecer só no Brasil, onde um latino de outro país é visto como estrangeiro mesmo. Já pararam pra pensar como sabemos muito pouco sobre outras bailarinas latinas? Entre eles, o México é o país que mais investe no tribal, tendo seu próprio Tribal Fest Mexico (o nome oficial é esse mesmo). E já contou com presenças como a Mardi Love, Rachel Brice, Ariellah e Kajira (do Blacksheep).

Enfim, essas são só algumas divagações que passaram pela minha cabeça nessas últimas semanas aqui. No Tribal y Fusion do ano passado, por exemplo, eu vi que tinha um pequeno grupo de argentinas no evento. Mas que passaram super despercebidas, eu mesma fui uma que não fiz muita questão de saber quem eram, como era o trabalho delas na Argentina, há quanto elas dançam e como é a receptividade do tribal por lá. Kilma Farias e Nanda Najla são as duas bailarinas que eu sei que estiveram presentes em workshops pela Argentina, mas ainda é pouca a presença brasileira em eventos latinos.

Dias atrás descobri um site da comunidade tribal latina
(http://www.danzatribal.cl/). Ou seja, um site divulgando o trabalho e o nome de quem faz tribal pela América, juntamente com os principais eventos. Minha sugestão é que vocês entrem e dêem uma remexida no site e nos nas meninas. Lá tem México, Chile, Argentina...mas, cadê as brasileiras? Acho que podemos desviar nossos olhos dos EUA por alguns momentos e tirar qualquer barreira que exista entre a gente e nossas “hermanas”. Ver mais, saber mais, falar mais. Afinal, tribal no fim se resume a isso, irmandade."


Ana Harff
Ex-integrante da Cia. Xamã Tribal - RN.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Tribal é tribal, ATS é ATS!

Hoje em dia usamos o termo “tribal” para nomear uma série de manifestações diferentes, o que muitas vezes causa confusões na definição dos estilos. Chamamos de “tribal” o tribal fusion (em todas as suas vertentes), o ATS e o estilo tribal tradicional.

O tribal tradicional teve início com Jamila Salimpour e seu grupo Bal Anat, nos anos 60, e misturava diversos aspectos do folclore e danças do Oriente Médio em um só show, com uma grande dose de dança do ventre. Por utilizar trajes cheios de elementos tribais e ter um visual extremamente étnico, foi o primeiro estilo a ser denominado “tribal”.
Uma das alunas de Jamila, chamada Masha Archer, começou a dar aulas e a acrescentar coisas que lhe agradavam, tirando aspectos dos quais não gostava na dança que lhe foi ensinada. Masha montou sua companhia, chamada “San Francisco Classic Dance Troupe”, da qual passou a fazer parte uma de suas alunas, Carolena Nericcio. Carolena, depois de alguns anos na companhia, também começou a dar aulas e acrescentar suas próprias idéias ao estilo, criando o que conhecemos hoje por ATS (American Tribal Style) ou Estilo Tribal Americano. Do ATS nasceu o tribal fusion, que originou diversos sub-estilos.

Muitos dizem que o estilo tribal foi criado por Jamila Salimpour, e essa é uma afirmação correta. Mas, observando atentamente, percebe-se que a maior parte do tribal que vemos hoje não é influenciada por aquele estilo tradicional de Jamila, e sim pelo ATS. O Tribal Fusion não surgiu a partir do tribal tradicional e sim do ATS. Portanto, se o ‘estilo tribal’ de uma pessoa ou grupo não é o do Bal Anat e nem o do Hahbi’Ru*, afirmar que a criadora dele foi Jamila é ignorar etapas e deixar de dar crédito a quem merece. Por mais que Jamila seja uma figura importantíssima do tribal e tenha sido o início de todo o movimento, duvido muito que aquele estilo tradicional tivesse nos levado à variedade de “estilos tribais” que temos hoje em dia. Para chegar ao que temos, o tribal foi sujeito às alterações de mais duas pessoas (Masha e Carolena). Por isso, acredito sim que foi Dona Carolena a responsável por tudo isso, e merecedora de todo crédito possível.


*Por ter existido há bastante tempo atrás, é difícil encontrar registros em vídeo do Bal Anat. Mas nem tudo está perdido! O Habih’Ru é um grupo formado por um aluno da Jamila que manteve a maior parte do estilo original do Bal Anat. E eles estão na ativa até hoje com uma quantidade razoável de material que nos dá uma boa idéia do que foi o Bal Anat. Legal né? Aí vai um dos vídeos deles: