Essa semana trago um poema de uma das minhas poetas favoritas, Sylvia Plath. A escrita dela tem uma mistura de força e delicadeza que acho maravilhosa… primeiro o original, depois uma tradução (não feita por mim)
The Night Dances - Sylvia Plath
A smile fell in the grass.
Irretrievable!
And how will your night dances
Lose themselves. In mathematics?
Such pure leaps and spirals ——
Surely they travel
The world forever, I shall not entirely
Sit emptied of beauties, the gift
Of your small breath, the drenched grass
Smell of your sleeps, lilies, lilies.
Their flesh bears no relation.
Cold folds of ego, the calla,
And the tiger, embellishing itself ——
Spots, and a spread of hot petals.
The comets
Have such a space to cross,
Such coldness, forgetfulness.
So your gestures flake off ——
Warm and human, then their pink light
Bleeding and peeling
Through the black amnesias of heaven.
Why am I given
These lamps, these planets
Falling like blessings, like flakes
Six sided, white
On my eyes, my lips, my hair
Touching and melting.
Nowhere.
Irretrievable!
And how will your night dances
Lose themselves. In mathematics?
Such pure leaps and spirals ——
Surely they travel
The world forever, I shall not entirely
Sit emptied of beauties, the gift
Of your small breath, the drenched grass
Smell of your sleeps, lilies, lilies.
Their flesh bears no relation.
Cold folds of ego, the calla,
And the tiger, embellishing itself ——
Spots, and a spread of hot petals.
The comets
Have such a space to cross,
Such coldness, forgetfulness.
So your gestures flake off ——
Warm and human, then their pink light
Bleeding and peeling
Through the black amnesias of heaven.
Why am I given
These lamps, these planets
Falling like blessings, like flakes
Six sided, white
On my eyes, my lips, my hair
Touching and melting.
Nowhere.
**************************
As Danças da Noite - Sylvia Plath
Um sorriso caiu na relva.
Irrecuperavelemente!
E como irão perder-se
As tuas danças nocturnas. Na matemática?
Tão puros saltos e espirais -
Certamente viajam
Eternamente pelo mundo, não hei-de ficar
Despida de belezas, o dom
Do teu pequeno sopro, o cheiro
A terra molhada, lírios, lírios.
A sua carne não aguenta aproximações.
Frios vincos de um ego, o narciso,
E o tigre que se embeleza a si próprio -
Sinais e uma chuva de pétalas de fogo.
Os cometas
Têm um espaço tão grande a atravessar,
Tanta frieza, esquecimento,
Assim se esfumam teus gestos -
Calorosos e humanos, depois a sua luz rosa
A sangrar e a pelar
Entre as negras amnésias do céu.
Por que me dão
Estas luzes, estes planetas
Caindo como bençãos, como línguas de luz
De seis pontas, brancas
Nos meus olhos, lábios, cabelo
Ao tocarem desfazem-se.
Em lugar nenhum.
(Tradução de Maria Fernanda Borges, Relógio D'Água)
Irrecuperavelemente!
E como irão perder-se
As tuas danças nocturnas. Na matemática?
Tão puros saltos e espirais -
Certamente viajam
Eternamente pelo mundo, não hei-de ficar
Despida de belezas, o dom
Do teu pequeno sopro, o cheiro
A terra molhada, lírios, lírios.
A sua carne não aguenta aproximações.
Frios vincos de um ego, o narciso,
E o tigre que se embeleza a si próprio -
Sinais e uma chuva de pétalas de fogo.
Os cometas
Têm um espaço tão grande a atravessar,
Tanta frieza, esquecimento,
Assim se esfumam teus gestos -
Calorosos e humanos, depois a sua luz rosa
A sangrar e a pelar
Entre as negras amnésias do céu.
Por que me dão
Estas luzes, estes planetas
Caindo como bençãos, como línguas de luz
De seis pontas, brancas
Nos meus olhos, lábios, cabelo
Ao tocarem desfazem-se.
Em lugar nenhum.
(Tradução de Maria Fernanda Borges, Relógio D'Água)
Nenhum comentário:
Postar um comentário