segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Autodidatismo, profissionalização e afins


Trago hoje um assunto que me intriga bastante no estilo tribal. Porque cargas d'água algumas pessoas parecem achar que podem tornar-se profissionais de tribal sem sequer ter feito aulas no estilo? Ok, tem gente que acha que tribal é só dança do ventre metida a besta. Portanto, se a pessoa em questão fez aulas de dança do ventre, acredita que pode sair dançando tribal e dando aulas, afinal, é só estilizar um pouquinho né? Porque então tantas pessoas juntam seus trocados para fazer workshops com as tribais que vêm de fora, ou mais ainda, indo para fora para fazer aula, ou mesmo fazendo aula com as profissionais realmente  especializadas daqui do Brasil? Mera perda de tempo né?

O que acaba acontecendo é o que todos já viram: perda na qualidade e moral do tribal pelo Brasil afora. Juro que escapa ao meu poder de compreensão como pessoas que não fizeram sequer uma aula ou um workshop de tribal podem ser "profissionais" no estilo. No tribal, mais do que em outras danças, parece existir também um número enorme de autodidatas coisa que para mim, sinceramente, é história da carochinha. Aprendeu com dvd e nunca teve ninguém para te corrigir? Primeiro, você não é autodidata porque tinha alguma profissional te ensinando, ainda que por dvd. Segundo, as chances da sua execução técnica ser incorreta e cheia de vícios são grandes, sem ninguém para apontar o que você está fazendo de certo ou de errado. Os dvds são uma ferramenta de estudo realmente excelente quando bem utilizados. O ideal é sempre ter alguém capacitado para dar uma força e verificar se a sua execução está correta, especialmente quando se está em início de aprendizado. De qualquer forma, os dvds devem ser sempre uma complementação ao seu estudo e nunca sua fonte principal. 

O tribal possui técnicas específicas - como qualquer outra dança - que constituem a base do estilo. Uma vez que essas técnicas passam a fazer parte da sua memória muscular, você pode inventar sua própria interpretação para ele. Uma boa profissional deve ser capaz de te dar essa base para que depois você saia "inventando" à sua maneira. Percebo que cada vez mais existem bons profissionais surgindo no Brasil. Mas, como não poderia deixar de ser, os maus profissionais continuarão existindo. Por isso, cabe a nós, profissionais, admiradores e estudantes, manter os olhos abertos e não dar moral para quem não é sério. E lembrar que para se profissionalizar em qualquer dança é SEMPRE necessário ter currículo ou formação específica ;)

11 comentários:

  1. É a velha lenda das pessoas que aprendem vendo videos no youtube!!!

    Triste!!!

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  2. Caracaa Nana, ahazooou! Desculpa, tive que comentar! Nós já conversamos tanto sobre isso em off que tu postar isso me fez sentir vitoriosa de alguma forma! ALGUÉM FINALMENTE FALOU ISSO!! Eu concordo plenamente. Eu simplesmente não entendo. E ainda mais, quando alguém vem fazer aula comigo e me pergunta com quem estudei e eu falo, me sinto ORGULHOSA de minhas professoras, nacionais e internacionais, e sei que sentiria vergonha se eu tivesse que dizer "Ah, não estudei com ninguém, aprendi por mim mesma.". Vai ver se no Ballet Clássico alguém coloca ponta sozinha em casa vendo vídeos no youtube... Por essas e outras que a Dança do Ventre e o Tribal ainda não são tratados como formas de Dança "legítimas" de palco. =(

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  3. E exatamente *essa* questão do ballet clássico é perfeita pra ilustrar esse tópico!

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  4. Está mesmo muito certa!
    Eu mesma... Apesar de ter começado a estudar por dvds e sozinha durante anos nunca sai por aí dizendo que dançava tribal. Agora com aulas com quem entende mesmo do assunto e tem referências confiáveis estou aprendendo demais e corrigindo muita coisa, mas ainda assim não posso dizer que sou uma dançarina de tribal... Tenho muito o que aprender!

    Acho que esse é um daqueles casos que a noção do certo e errado deve falar mais alto e o respeito por aquilo que diz admirar também.

    Belo post. ;)
    Beijos*

    ps: exclui a anterior porque tinha um erro horrível de escrita! =S

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  5. Meu Deus, o que é está post.?
    Sério, achei fantástico!!!
    Vc disse TUDO... isso foi algo que SEMPRE me incomodou bastante!
    Lembro de ter visto uma reportagem no GNT, mais ou menos uns 5 anos atrás, uma "professora" de tribal que disse (meu, em rede nacional O.o) que aprendeu através de vídeos da Rachel Brice... fiquei indignada (tanto que lembro até hoje)
    Poxa, se fosse tão fácil assim...
    É realmente, é muito bom ver alguém finalmente ter falado isso!!!
    E o que a Gabi falou que teria vergonha de dizer que não aprendeu com ninguém e sim sozinha, eu também teria, mas o triste é que as pessoas que fazem isso dizem com orgulho como se realmente soubesse o que estão fazendo.
    Acho isso uma p*** desvalorização com pessoas sérias do ramo e pior, com a própria dança na qual ela diz ser profissional!!!

    Muito bom mesmo esse post.
    Bjos

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  6. É isso mesmo!!!
    Você tem toda razão, com "o jeitinho brasileiro" nascem muitos "profissionais"! É incrível né? É bom saber que você não precisa de anos de estudo e pesquisa para ser uma bailarina mais ou menos... hahahahah

    Me poupe...

    Bom, eu acredito que o terreno para excelentes profissionais são para poucos, e os "mais ou menos" não aguentam por muito tempo a pressão!

    beijos Mariana

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  7. Brigada meninas! Que bom que concordam! *_*

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  8. Oi, Mariana, muito pertinente seu post. Acho importante que desde já tenhamos uma posição firme em relação a isto, para que o tribal não acabe sofrendo a mesma sina da dança do ventre, sendo apontado como uma dança "totalmente informal", entre outras coisas. Mais do que somente más apresentações, o perigo está na sala de aula, quando não há preparo suficiente para um trabalho corporal adequado.
    Tem muitas meninas que dançam bem, estudando através de vídeos, mas o limite está entre o que é pessoal e o que é transferível.
    Precisamos nos fortalecer e fazer críticas convincentes quando vemos algo errado, sempre que possível, pois somos representantes responsáveis por este conceito de dança no Brasil.

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  9. Camila, você deve ter me visto no GNT dizendo que vi os videos das Superstars e estudei a Rachel Brice sim. (Alguém aqui conheceu primeiro ao vivo e depois pelo DVD? Porque eu conheci o FatChance primeiro pela internet...) Só que esqueceu que eu tambem falei que ja era professora de Dança do Ventre a 10 anos, e estudava hip hop na época - além de ja ter passado pelo ballet e flamenco e qualificações em diversas técnicas corporais, como eutonia e alexander. Lembro tambem que na época as pessoas nem sequem sabiam o que era tribal e por isso mesmo aceitei o convite da GNT - para espalhar a ideía. Como não podia ir até os EUA estudar, fiz workshop com a Nadine Fernandes, alemã que me deu uma baita força no tribal, por já conhecer a anos o ATS, na mesma época, além de estudar o FatChance, por video mesmo (fazer o quê?) e trocar informações com as americanas do Tribe. Sim, é claro que meus conceitos e técnica sobre o Tribal se modificaram bastante, porque o estudo faz isso com a gente, tanto que evoluimos a passos largos no Brasil. Concordo plenamente com as colocações da Mariana e já recebi dezenas de pessoas em meu studio que vieram somente dos DVDs, claro que com postura incorreta, mecânica incorreta e tudo o mais.

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