segunda-feira, 25 de março de 2013

Entrevista sobre o Estilo Tribal


Respondi essa entrevista sobre o estilo tribal para um trabalho da Gilmara Cruz, também foi publicada no blog dela. Estou colocando aqui também para compartilhar algumas das minhas visões sobre o assunto, gostei das perguntas! :) Agradeço à Gilmara pelo convite! 

Gostaria que você falasse um pouco sobre como entende e enxerga a Dança Tribal. 

A primeira manifestação do Estilo Tribal nasceu de uma mistura de danças folclóricas do Oriente Médio, sendo a principal delas a Dança do Ventre. Com o passar dos anos, foi ficando cada vez mais abrangente ao incluir referências culturais, músicas e danças das mais variadas partes do mundo e da história, transformando uma dança regional ancestral em global, misturando passado, presente e futuro. Essa pluralidade de estilos e referências é um aspecto bem importante na minha opinião. Outro ponto que considero muito importante é que, no comecinho desse processo evolutivo, houve uma decisão consciente de "formalizar"a Dança do Ventre e transformá-la em um estilo de dançá (e de arte) mais respeitada, adaptável aos mais diversos ambientes culturais. A intenção era tirar a Dança do Ventre do nicho exclusivo de restaurantes e eventos dedicados à cultura oriental árabe, bem como do contexto cultural árabe. Além disso, existia a intenção de como consequência elevar a imagem das mulheres que praticam a dança. Esses são os fatores que considero mais importantes no Estilo Tribal.

Você encara o Tribal como um ritual como era a Dança em tempos antigos?

Qualquer dança pode ser ritual dependendo da intenção da intérprete. Se levarmos em consideração o ATS (American Tribal Style) é mais fácil fazer essa ligação com o passado ritualístico da dança, já que são mulheres dançando juntas em um sistema de improviso. No ATS realmente existe essa intenção de reverenciar a natureza e o feminino, mas a estrutura da dança é muito complexa para ser considerada somente como um ritual. Na minha opinião é uma forma de arte genuína, o que não exclui de maneira alguma o fato de ter uma ligação com uma energia maior, como toda arte. 

Quais influências você apontaria na relação da Indústria cultural/capitalismo com a Dança Tribal? Entende a DT como fruto da globalização ou como uma dança que rema contra essa maré?

O Estilo Tribal definitivamente é um estilo de contravenção, de vanguarda. Geralmente as pessoas que são atraídas pelo estilo não estão buscando se enquadrar nos padrões da sociedade, são pessoas que vivem ou gostariam de viver de maneira alternativa. Porém, é fruto sim da globalização. É uma dança que mistura influências dos quatro cantos do mundo, e o fato de ter saído de São Francisco, CA e ter se espalhado pelo mundo da maneira que fez, só pode ser atribuído à globalização e à facilidade com que a informação se espalha atualmente. 

Você acha que com todas as adições feitas ao estilo Tribal, ela perde sua essência?

Acredito que depende muito das adições que são feitas. Para não perder essa essência precisa haver, lado a lado com a evolução, o respeito às raízes. A intenção do ATS de dar poder à imagem feminina e à imagem da dança do ventre como um todo. E é sempre válido entender o quanto as técnicas do ATS, de maneira prática, contribuem para esse fim, que é filosófico. Com respeito e estudo, é possível que o Estilo Tribal permaneça em evolução por muitos anos sem perder a essência. 

Entende o Tribal como um resgate ao Sagrado Feminino como é a Dança do Ventre?

O Estilo Tribal veio da Dança do Ventre, e o repertório de movimentos esté bem enraizado nela, então qualquer referência ou resgate que possa haver na DV também está presente no Estilo Tribal.

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