The
Tribal Massive and The Massive Espectacular (Las Vegas)
TM é
um evento anual que ocorre entre os meses de fevereiro e março em Las Vegas
(USA), reunindo grandes nomes da dança tribal internacional. Seu subtítulo é “a
5-star boutique experience”, o que define a proposta do evento: reunir um
número não muito grande de alunos ( 35 em média ) para fazer uma imersão de 50
horas de aula com profissionais de destaque no cenário da dança tribal. É
possível, portanto, aprender com cada professora durante várias horas e de uma
maneira bem próxima.
O
mérito dessa visão e realização sem dúvida é de sua organizadora, Tori Halfon,
que faz tudo com muito cuidado e de maneira amorosa. Sei que é preciso coragem
e muita dedicação pra fazer acontecer algo desse porte e, principalmente,
acontecer com qualidade.
Fui pro
TM a primeira vez em 2011 e repeti a dose agora em 2013. Agradeço à Mariana Quadros pela oportunidade
de vir aqui contar como foi minha experiência.
O
evento oferece a possibilidade de aulas para diferentes níveis: intermediário,
intermediário/avançado e avançado/profissional. Nos dois anos fiz o
avançado/profissional. Este ano as aulas para esse nível foram com Zoe Jakes,
Kami Liddle, Sharon Kihara, Mira Betz, Lady Fred e Amy Sigil.
Falando
de uma maneira bem pessoal, destaco as aulas de Zoe Jakes, Kami e Mira. Doze
horas de aula com Zoe é uma experiência realmente maravilhosa! Ela tem uma
dinâmica única: técnica da própria dança tribal, alongamento, preparação
física, coreografia, snujs, estudo musical e exercícios criativos vão
acontecendo de maneira fluida ao longo da aula. Aquela explosão que a gente vê
no palco pode ter certeza que é fruto de muita dedicação e devoção à arte, e
isso também nos é oferecido em aula. Com Kami destaco a complexidade das combinações
de movimento e sua leitura musical. Há muito o que aprender com essa dançarina!
Mira Betz tem a capacidade de dar uma aula extremamente técnica e ao mesmo
tempo fazer aflorar os nossos sentimentos mais profundos. A aula dela no dia do
show The Massive Espectacular foi fundamental pra que eu entrasse inteiramente
presente no palco! Uma dançarina e professora que admiro muito!
Sharon,
Lady Fred e Amy Sigil também ofereceram em aula o melhor do seu estilo pessoal.
Já fiz três workshops com Sharon no Brasil e foram preciosos. Dessa vez ela
levou algo bem diferente do que eu havia experimentado anteriormente: estudos
do Butoh. O que significa que foi um trabalho diretamente relacionado à
expressão de emoções e de narrativas internas de experiências humanas. Lady Fred, por sua
vez, trabalhou elaboração da expressão física de personagens e de histórias
imaginadas por determinadas escolhas musicais que ela oferecia. Amy Sigil com
toda sua energia, trabalhou a dinâmica do ITS (Improvisation Tribal Style).
Admiro
as dançarinas que conseguem unir técnica e emoção e acho que esse é “O”
caminho. Nesse sentido valorizo quando o
trabalho que envolve expressão de emoções também entra em sala de aula. Apesar
disso, minha crítica à algumas aulas que fiz aparece justamente aí. No geral, e
isso inclui outras experiências com professoras de tribal fusion além do The
Tribal Massive, acho que as dinâmicas oferecidas nos workshops não são de fato
eficientes. Acho até que despertam a curiosidade e o interesse para o aprendizado,
mas a meu ver não alcançam bons resultados. Fiz teatro durante alguns anos, as
técnicas que existem para elaboração de personagem são complexas, e é preciso
bagagem teórica e prática para ensiná-las. Falando de maneira geral e
totalmente pessoal, não vejo as dançarinas realmente preparadas para trabalhar
tais técnicas em sala de aula, mesmo que elas expressem muito bem suas emoções
em cena. Contudo, penso que é um caminho interessante e que ainda pode ser
melhor explorado.
Ainda
em relação às aulas, ressalto o fato interessante de partilhar todas essas
horas de aprendizado com dançarinas de várias partes do mundo. Em uma
determinada formação de grupo que participei, todas eram de países diferentes:
Colômbia, Rússia, Taiwan, EUA e Brasil. Quero dizer com isso que a dança se
fazia também ali, nesses momentos em que a língua falada não podia ser totalmente
expressa.
Um
fato bacana que observei tanto em 2011 quanto esse ano foi ver uma dançarina
fazendo aula de outra. Em 2011 Kami fez as aulas de Zoe e Rachel, e esse ano
Zoe fez as aulas de Amy Sigil. Apenas pra constatar o quanto é bom fazer aulas
e continuar em constante aprendizado!
The
Massive Espectacular ( o show)
Em
primeiro lugar quero dizer que foi uma honra ter sido convidada em 2011 para
fazer parte desse grande espetáculo. E claro que aceitei e fui este ano!
No
meu caso funcionou da seguinte maneira: eu dancei no Hafla e a organizadora
gostou do meu trabalho e me convidou pro The Massive Espectacular! O Hafla é
aberto pra quem quiser se inscrever e é muito interessante para mostrar nosso
trabalho. É um momento pra conhecermos dançarinas de várias partes do mundo. O
clima é descontraído, divertido e acolhedor. Gostei tanto de ter dançado em
2011 quanto de ter assistido esse ano. Durante o Hafla também acontece uma
feira para venda de produtos de dança tribal. Não é muito grande, uns seis
expositores, mas com certeza se você tiver dinheiro encontrará produtos
interessantíssimos. No geral não é barato para o nosso bolso em “Real”.
Voltando
ao grande show... As professoras do evento que se apresentaram esse ano foram
Zoe Jakes, Kami Liddle, Mira Betz, Sharon Kihara, Jill Parker, Unmata, The Lady
Fred e Sera Solstice. A única que não assisti foi Jill Parker porque se
apresentou antes de mim e eu estava me concentrando no camarim.
Não
vou falar exatamente de cada uma, mas dar algumas pinceladas do que vi e senti
do show. Zoe fez dois solos e um duo com Ashley López. Ela, como é de se
esperar, sempre brilhante! E o duo, dançado com snujs, foi encantador!! Kami
fez um solo e um duo com Mat Jacob, mas curti muito mais o solo. Como já disse,
acho que ela realiza combinações complexas de movimento e tem uma musicalidade ímpar! Quem já viu no youtube a nova fase da Sharon dançando músicas
tradicionais de dança do ventre? Pois bem, ela começou com uma música tradicional
e depois um derback e arrebatou a plateia. Linda!! Sou suspeita pra falar de
Mira Betz... Ela se apresentou com um grupo e seu momento de destaque não foi
tão grande (lembrando que ela está com um filhinho ainda bebê), mas é sempre
linda, extremamente feminina, precisa e capaz de criar surpresas! Nesse
espetáculo tive o prazer de ver Sera Solstice dançando ao vivo. Só conhecia o
trabalho dela através de vídeo. Fiquei encantada! Técnica limpa, estilo próprio
e muito íntegra, sem nenhuma afetação. Fiquei fã e espero ter oportunidade de
fazer aula com ela!
Das
demais convidadas do show não assisti três: duas de Taiwan e uma do México.
Portanto, falando das que vi, destaco as apresentações solo de Ashley López
(USA) e de Caro Dumanni (Colômbia). Ambas com técnica e muita presença cênica:
no carisma, na emoção, na interação com a platéia. Outras apresentações também
foram muito interessantes e teremos oportunidade de conferir mais adiante no
youtube. Foi muito bom ver dançarinas de diversas partes do mundo. E este ano,
pela primeira vez, duas dançarinas do Brasil: eu e Joline.
Acredito
que até o meio do ano os vídeos serão publicados. Pra quem acompanha as
novidades através do youtube, sabe que os vídeos desse show são ansiosamente
aguardados. Tem sempre apresentações inspiradoras! E foi assim que sai de lá:
inspirada e entusiasmada para novos desafios!
Quando
os vídeos estiverem no ar, podemos trocar figurinhas sobre eles. E vocês me
dizerem se concordam ou não com as breves pinceladas que fiz.
Quanto
à minha apresentação, me cabe apenas dizer que me senti realizada. E ter
recebido feedbacks super positivos de algumas professoras e colegas fez essa
sensação redobrar. Estou muito grata por esse momento especial!
Trocas
sinceras, novos aprendizados, superação de desafios, admiração mútua,
enriquecimento interior... eis os motivos para viver a dança aqui e em palcos
tão distantes! Que mais dançarinas brasileiras possam participar desse e de
outros festivais!
Bela
Saffe