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Quem me enviou esse texto foi a Ana Harff, tribalesca brasileira morando em Buenos Aires. Bem bacana o texto dela sobre como andam as coisas tribais lá por aqueles lados! Continue mandando notícias:) E que o tribal domine o mundo!:D
"E nossas hermanas latinas?Faz poucos meses que eu me mudei de Natal para viver em Buenos Aires. A idéia era partir para algum lugar que me desse mais oportunidades artísticas, mais chances de estar em contato não apenas com vários estilos de dança, mas também artes plásticas, música, moda e tudo que pudesse fazer minha imaginação ferver.
Decidi pela capital argentina principalmente pela questão faculdade, onde começarei a cursar este ano a graduação em Artes. Com certeza não teria condições financeiras de me mandar pra São Paulo, por exemplo, então decidi ir mais ao sul. Meu receio antes de ir era se eu iria conseguir continuar com o tribal, pois nunca tinha ouvido falar das tribalistas argentinas. Decidi ir assim mesmo, e, no caminho, quem sabe fazer aulas de DV com Saida e continuar com o tribal em casa, pois a maioria das coisas que aprendemos no tribal realmente descobrimos pela internet, seja conversando umas com as outras em comunidades ou fazendo downloads de vídeos.
E em uma dessas pesquisas pela internet acabei descobrindo não só as tribalistas que atuam em Buenos Aires e em algumas cidades do interior, como em muitos países da América Latina. E uma coisa que me impressionou foi que eu percebi que todas essas bailarinas de países como Peru, México, Argentina, Chile, etc., não apenas se conhecem e reconhecem o trabalho das outras, como prestigiam com sua presença. Ou seja, é como uma grande comunidade tribal, sem a barreira de estar em outros países. Sempre que há um grande festival de tribal em um dos países, por exemplo, as outras fazem caravanas pra irem. Soa como se elas estivessem apenas em estados diferentes, não em países diferentes.
Sinto muito isso aqui na Argentina, que não existe distancia entre eu e outras pessoas de quase todos os países latinos, você sempre esta em contato com um estrangeiro e é tão normal quanto ir ao supermercado. Isso parece acontecer só no Brasil, onde um latino de outro país é visto como estrangeiro mesmo. Já pararam pra pensar como sabemos muito pouco sobre outras bailarinas latinas? Entre eles, o México é o país que mais investe no tribal, tendo seu próprio Tribal Fest Mexico (o nome oficial é esse mesmo). E já contou com presenças como a Mardi Love, Rachel Brice, Ariellah e Kajira (do Blacksheep).
Enfim, essas são só algumas divagações que passaram pela minha cabeça nessas últimas semanas aqui. No Tribal y Fusion do ano passado, por exemplo, eu vi que tinha um pequeno grupo de argentinas no evento. Mas que passaram super despercebidas, eu mesma fui uma que não fiz muita questão de saber quem eram, como era o trabalho delas na Argentina, há quanto elas dançam e como é a receptividade do tribal por lá. Kilma Farias e Nanda Najla são as duas bailarinas que eu sei que estiveram presentes em workshops pela Argentina, mas ainda é pouca a presença brasileira em eventos latinos.
Dias atrás descobri um site da comunidade tribal latina
(http://www.danzatribal.cl/). Ou seja, um site divulgando o trabalho e o nome de quem faz tribal pela América, juntamente com os principais eventos. Minha sugestão é que vocês entrem e dêem uma remexida no site e nos nas meninas. Lá tem México, Chile, Argentina...mas, cadê as brasileiras? Acho que podemos desviar nossos olhos dos EUA por alguns momentos e tirar qualquer barreira que exista entre a gente e nossas “hermanas”. Ver mais, saber mais, falar mais. Afinal, tribal no fim se resume a isso, irmandade."
Ana Harff
Ex-integrante da Cia. Xamã Tribal - RN.