quarta-feira, 16 de março de 2022

Auto sabotagem, percepções sobre o próprio corpo e a prática (cont.)

 Pensando em como reverberou o último post, sobre nossa auto imagem e como ela interfere na nossa prática saudável e bem sucedida da dança, pensei em me prolongar um pouquinho mais nesse assunto, o que me levou imediatamente para o seguinte: auto sabotagem. No fundo, deixar que o assunto do post anterior nos impeça de realizar coisas, não deixa de ser mais uma forma da nossa velha amiga! De quantas formas nós conseguimos nos auto sabotar? Infinitas!

Nos meus anos de prática, sendo aluna e professora, eu já vi ela se manifestar, em mim mesma e em outras pessoas, de tantas e tão criativas formas! Achar que nosso corpo não é "adequado" e por isso nunca será capaz de realizar os movimentos X, Y e Z é uma delas. Também já vi coreografias prontíssimas "quererem ir" para o fundo da gaveta porque "não estão boas o suficiente". Mudar de idéia toda hora, evitando ter consistência em algo, e consequentemente não realizando nada, é outra! Achar que antes de treinar, ou fazer o que você precisa, tem que acender incenso, por uma roupa boa, lavar o rosto, fazer um lanchinho, esperar vir a vontade, é outra! Focar em práticas que não são exatamente as que vão levar você aonde você quer chegar, e fingir que você não alcança determinado objetivo porque não é boa o suficiente, é outra! Também, querer dominar alguma técnica abdominal mas achar que para isso você primeiro tem que ter uma barriga "sequinha"(o que nos leva diretamente ao post anterior!). Gente, são muitas mesmo as formas da gente se auto sabotar. Não sou isenta, muito longe disso, e eu mesma pratico há anos! 😅

Pra mim, mesmo que difícil manter o foco, o jeito menos difícil (nem vou dizer mais fácil porque mais fácil acho que não tem!) de driblar essa danada é ter focos bem específicos, e um de cada vez. Se você quer melhorar em giros, pratique-os todo dia um pouquinho. Sem precisar do alinhamento planetário certo. Se você quer finalmente resolver a sua relação com os bellyrolls ou flutters, pratique um pouquinho todo dia. Busque outras práticas que vão te ajudar com aquele objetivo em específico. Basicamente, você vai continuar sabendo que precisa ou querendo melhorar seus braços, mas por hora, deixa eles pra depois... focar em uma coisa de cada vez faz com que você consiga ter objetivos mais concretos e resultados mais palpáveis. Seja honesta com você mesma. O que é mais urgente pra você trabalhar agora? Foque nisso, depois, mude de foco. 

Lembre-se que seu objetivo é dançar bem! E de um jeito que é só seu, melhor ainda!

Tem um livro muito bom que eu indico super em relação a trabalho e disciplina chamado "A guerra da arte" do Steven Pressfield. Lá ele dá muitas dicas pra gente conseguir realizar trabalhos criativos, mas a tecla que ele sempre sempre bate é essa: desmistifique o processo. Vá lá e faça o que tem que ser feito, um dia de cada vez, cada dia um pouquinho. Não é em um dia que seu shimmie vai sair perfeito. Mas é um pouquinho todo dia que vai fazer com que ele de fato melhore. E é assim com tudo. Quando a gente é muito imediatista, isso causa um ansiedade de que não estamos vendo progresso e assim nos desanimamos de continuar na prática. Mas é devagar e sempre que a mágica acontece. Não existe passe de mágica, mas sim consistência e consciência de onde queremos chegar. E é isso que faz toda a diferença!

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